22 outubro, 2007

A Ciência Também é Humana

Faz tempo que não publico nada aqui, mas é por pura falta de tempo, pois as discussões sempre são muito interessantes.
Estou ressuscitando um texto que publique no falecido AOL, mas que está no meu blog, sobre o fato da Ciência ser uma atividade humana.
Vejam os trechos iniciais:
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A Ciência Também é Humana


A Ciência talvez seja um dos empreendimentos humanos de maior sucesso em toda a história. Os benefícios que ela trouxe para humanidade, felizmente, superam os malefícios que a sua utilização desvirtuada e sem ética pode causar.

Por exemplo, quando foi estudada a estrutura do núcleo atômico descobriu-se uma nova fonte de energia, a energia nuclear, que transformada em energia elétrica pode beneficiar milhões de pessoas. Esse tipo de conhecimento também pode ser utilizado na construção de armas nucleares capazes de destruir cidades inteiras em apenas alguns minutos. Em outra área, os avanços na compreensão dos sistemas biológicos permitiram encontrar a cura de muitas doenças. Esse mesmo conhecimento, se utilizado de maneira errada, pode produzir armas biológicas tão letais quanto as nucleares.

Quem quiser ver mais veja no Por Dentro da Ciência

5 comentários:

João Carlos disse...

Essa questão do peer review que seu artigo aborda, é muito relevante. Imagine que você seja escolhido como "revisor". A primeira coisa que você vai ter que tirar de onde não tem, é tempo para ler o artigo. E o que você vai considerar? Se os dados experimentais apresentados não são absurdos e se fundamentam as conclusões apresentadas. Mais nada!

Não há como um pesquisador atolado de trabalho tentar reproduzir todo um trabalho (que pode levar anos a ter os dados coligidos) e ver se "a coisa é mesmo assim", só para referendar um artigo!

Então, ao avaliar um paper para publicação - a menos que os dados sejam óbviamente falsificados - não há como avaliar sua validade. E eu estou falando de papers de ciência experimental; no caso de papers teóricos, você só pode avaliar a lógica das proposições, até que alguém "bole" um meio de fazer as experiências que "provem" ou "desprovem" a teoria (se isso for possível...)

Isso dá azo a todo o tipo de especulação não-científica, tal como a abordada pelo Mauro Rebelo em "Quem tem medo de Oscar?. A Lúcia sublinhou bem essa questão do "público" esperar que o cientista seja "infalível e onisciente" no artigo dela, deste mês.

Não é, nem seus "pares revisores", muito menos os editores. Que dizer, então, dos jornalistas e do público em geral?... Isso, sem contar que as pesquisas precisam ser patrocinadas e esse patrocínio jamais é isento... E que os "Ídolos de Bacon", mesmo denunciados em 1620, continuam a fazer das suas, até hoje...

Adilson J A de Oliveira disse...

Caro João Carlos,
Você tem toda a razão no que diz.
Apenas para completar o seu argumento.
No caso de pesquisa teórica também não dá para refazer as contas, pois algumas vezes demandam muito esforço computacional e você precisa do código para conferir.
De fato o trabalho de peer review não permite identificar falsificações mais elaboradas, como aquelas citadas no meu texto.
Dessa forma, é importante as pessoas saberem que não é porque saiu na Nature ou Science que está absolutamente correto.

SM disse...

Concordo plenamente. Nada é mais fascinante e transformador do que a Ciência! Essencialmente benéfica e paralelamente maléfica. Vai depender, sim, dos fins para os quais for empregada. Infelizmente, já sabemos que seu uso está muitas vezes nas mãos erradas, pois estas possuem mais dinheiro para bancar experimentos aterradores a fim de conquistar seus objetivos mais sinistros.

João Carlos disse...

(eu não resisito...)

E o mesmo pode ser dito de qualquer outra atividade humana: filosofia, religião, cultura popular, comunicação de massas, e vai por aí a fora...

No que difere a ciência de todas essas outras atividades?... Somente em uma coisa: a ciência somente se propõe à aquisição do conhecimento. O futuro emprego desse conhecimento - como o Mauro expôs de maneira indubitável - está fora das mãos dos cientistas.

"A mão que afaga é a mesma mão que agride"... Aí, já entramos no terreno da ética que deveria ser, mas não é, uma das ciências exatas...

Anônimo disse...

Honrado Pesquisador Adilson J. A. de Oliveira,
Muito aprecio suas abordagens, desde AOL.
Hoje encorajo-me a contestá-lo, como de resto, por certo, a maioria. Mas como a maioria SEMPRE está errada, não me custa arriscar.
Tanto faz morrer de bomba v2 ou atômica.
Os japs e os nazis mataram muito mais que os espetáculos nucleares.
A bomba acabou com as guerras mundiais. Portanto, salvou muitas vidas.
Sorry.
Abraço
Navsall@usa.com