30 janeiro, 2007

a arte de falar simples: uma tentativa

O que parecia uma tarefa simples se transformava num desafio cada vez maior à medida que crescia minha consciência do abismo que pode haver entre estas duas linguagens de divulgação, a acadêmica e a informal. Por isso mesmo é preciso um artista para mediar esta transformação do conteúdo, e nem todos somos Charles Chaplins capazes de traduzir a complexidade da vida humana e suas relações através de obras primas que se revelam para todas as idades e “escolaridades”, uma linguagem “universal”.
Extraído do blog Via Gene - veja texto completo do tema de janeiro (segundo tempo da prorrogação!) aqui.

15 janeiro, 2007

Cinco teses sobre o recente jornalismo científico

Pessoal do Roda de Ciência, não sei se todo mundo está de férias mas, se bem me lembro, para um blog decolar tem que ter no mínimo posts a cada dois dias...
Sendo assim, vou aqui colocando qualquer coisa relacionada com jornalismo científico que escrevi, pois imagino que isto esteja relacionado com o tema do mês: como escrever para um público mais amplo.

1. A revista PLANETA (de papel, não a eletrônica) ficou menos Esotérica e mais Eco-Turística. Mas que saudade de sua fase inicial de Realismo Fantástico editada pelo Ignácio de Loyola Brandão...!
2. Pressionada pelo padrão Scientific American, e tentando ocupar o nicho deixado pela Planeta, a SUPERINTERESSANTE se torna cada vez mais New Age, fazendo propaganda subliminar romântico-religiosa sob o nome de "consciência crítica da ciência".
3. Ninguém lê a Galileu.
4. A SciAm está cada vez melhor, mas os artigos nacionais da Viver Mente e Cérebro deixam um pouco a desejar (inclusive o meu, que infelizmente NÃO aparece neste índice da SciAm especial sobre Sonhos..!). Bom, excluindo o Sidarta e o Nicolelis, claro...
5. As melhores reportagens da Revista Pesquisa FAPESP são assinadas pela... Maria Guimarães.

Alguém discorda?
Lá no SEMCIÊNCIA a Maria Guimarães discordou da tese número 5. Mas será que excesso de modéstia vale?

12 janeiro, 2007

Devemos ser lacônicos ou lacânicos?

Não, o texto a seguir não foi gerado pelo Postmodern Essay Generator, pois afinal é só ler devagar que você o entende perfeitamente. Em outro post defenderei minha tese de que o pessoal de Humanidades, devido a seu largo treino de leitura e discussão escrita e oral, desenvolve regiões específicas de seu cortex que ampliam sua memória de trabalho para leitura de frases longas na voz passiva intercaladas com sentenças nuançadas, condicionais e ambíguas, uma capacidade cerebral profissional similar a dos matemáticos quando usam expressões matemáticas longas. Ok, desculpem pela longa frase anterior, foi sem querer querendo.

Da Wikipedia: Although Lacan is often associated with it, he was not without his critics from within the major figures of what is broadly termed postmodernism. (Several writers, such as Slavoj Žižek, have argued specifically against considering Lacan a poststructuralist theorist.) Along these lines, Jacques Derrida (though Derrida did not endorse nor associate himself with postmodernism) made a considerable critique of Lacan's analytic writings, accusing him of taking a structuralist approach to psychoanalysis, but this is hardly surprising. In particular, Derrida criticises Lacanian theory for an inherited Freudian phallocentrism, exemplified primarily in his conception of the phallus as the "primary signifier" that determines the social order of signifiers. It could be said that much of Derrida's critique of Lacan stems from his relationship with Freud: for example, Derrida deconstructs the Freudian conception of "penis envy", upon which female subjectivity is determined as an absence, to show that the primacy of the male phallus entails a hierarchy between phallic presence and absence that ultimately implodes upon itself.

(...)


Critics from outside psychoanalysis, critical theory and the humanities have often dismissed Lacan and his work in a more or less wholesale fashion. François Roustang, in The Lacanian Delusion, called Lacan's output "extravagant" and an "incoherent system of pseudo-scientific gibberish". Noam Chomsky described Lacan as "an amusing and perfectly self-conscious charlatan". In Fashionable Nonsense (1997), Alan Sokal and Jean Bricmont accuse Lacan of "superficial erudition" and of abusing scientific concepts he does not understand (e.g., confusing irrational and imaginary numbers). Defenders of Lacanian theories dispute the validity of such criticism on the basis of Sokal's misunderstanding of Lacan's texts. According to Lacanians, the dismissal by Sokal and his allies precludes any valid criticism of his theories, and is instead motivated by a desire to "police the boundaries" of what constitutes an appropriate use of scientific terminology.


Foto: Um esquema dos neurônios receptores da mucosa nasal mandando seus axônios para a camada glomerular do bulbo olfatório? Não. Da correspondência Jacques Lacan - Pierre Souri, legenda alemã traduzida pelo Babel Fish:
Generalized Borromaeer in the closer sense 6-3. Soury formed a generalized borromaeische chain according to our method in the case of six rings. It is necessary and sufficient to pull three rings out so that it dissolves. Its attached comment illuminates and confirms our interest in the reading of the Pascal' triangle.

Alguém pode me ajudar a melhorar a tradução desta legenda em alemão?

Continue a ler no SEMCIÊNCIA.

Um desafio redacional para o pessoal da Roda de Ciência: pegar a seção Lacan and his discontents do tópico da Wikipedia de onde foram tirados esses trechos e reescrevê-la de forma simples, jornalística, tentando extrair o cerne do que o autor coletivo quer dizer (ou das possíveis leituras que ele quer permitir).

08 janeiro, 2007

"Não entendi nada, deve ser importante"

A comunicação cifrada tem o péssimo hábito de parecer mais valiosa aos olhos de quem não a entende. E vira bola de neve, uma certa impressão de que texto bom é texto difícil, então vamos lá dar uma complicadinha pra não parecer banal. Por aí vai.

Leia mais no Ciência e idéias.

02 janeiro, 2007

Poesia científica

OK, ok, o Rogério Silva, do blog Freud Explica, realmente detonou meu comentário postado na Roda de Ciência, onde eu dizia (amigavelmente) que um de seus textos postado na Roda não era apropriado nem para um público com pós-doc. Rogério disse que seu texto era equivalente ao poema abaixo, e que tentar explicar textos é como tentar explicar piadas... faz perder toda a graça.

(...)

Sim, poemas são exemplos concretos de textos pouco traduziveis (tradutíveis?) que permitem uma vasta gama de leituras (além do prazer de sua fruição) sem que isso signifique que sejam propositadamente obscuros ou maliciosos (vender poesia barrenta por poesia profunda). Ou seja, voltando ao assunto original discutido no Roda de Ciência, embora exista uma forma "canônica" (jornalística) de se fazer textos de divulgação científica, que pode ser encontrada nos manuais de estilo da Folha ou do Estadão, haveria espaço para "heresias" textuais, tais como: textos tão obscuros e densos que despertam o interesse do leitor por sua decifração e interpretação pessoal (e portanto múltipla e não consensual) - um exemplo seria alguns textos de Benjamin, já citado na Roda.

Outro exemplo seriam as poesias filosóficas e/ou científicas, para as quais parece que Rogério e João Alexandrino, do Ciência e Idéias, tem vocação: ok, vou postar uns poeminhas meus aqui também se vocês deixarem... Eu colocaria também neste rol de formas alternativas de divulgação científica certas músicas de Caetano, Lenine etc...

Só ainda não entendi o que significam os versos em HTML no poema do Rogério... Minha interpretação pessoal é de que Rogério quis dizer que o HTML é a poesia do futuro, feita nas entrelinhas de nossos textos... Bom, talvez tenha sido apenas um erro de copy and paste... Melhor ainda, talvez tenha sido as duas coisas ao mesmo tempo, o que seria paradoxalmente genial. Tudo bem, Rogério, não precisa me explicar.

Para referência:
(En)canto científico: temas de ciência em letras da música popular brasileira
(...)
Continue a ler aqui no SEMCIÊNCIA.