02 janeiro, 2007

Poesia científica

OK, ok, o Rogério Silva, do blog Freud Explica, realmente detonou meu comentário postado na Roda de Ciência, onde eu dizia (amigavelmente) que um de seus textos postado na Roda não era apropriado nem para um público com pós-doc. Rogério disse que seu texto era equivalente ao poema abaixo, e que tentar explicar textos é como tentar explicar piadas... faz perder toda a graça.

(...)

Sim, poemas são exemplos concretos de textos pouco traduziveis (tradutíveis?) que permitem uma vasta gama de leituras (além do prazer de sua fruição) sem que isso signifique que sejam propositadamente obscuros ou maliciosos (vender poesia barrenta por poesia profunda). Ou seja, voltando ao assunto original discutido no Roda de Ciência, embora exista uma forma "canônica" (jornalística) de se fazer textos de divulgação científica, que pode ser encontrada nos manuais de estilo da Folha ou do Estadão, haveria espaço para "heresias" textuais, tais como: textos tão obscuros e densos que despertam o interesse do leitor por sua decifração e interpretação pessoal (e portanto múltipla e não consensual) - um exemplo seria alguns textos de Benjamin, já citado na Roda.

Outro exemplo seriam as poesias filosóficas e/ou científicas, para as quais parece que Rogério e João Alexandrino, do Ciência e Idéias, tem vocação: ok, vou postar uns poeminhas meus aqui também se vocês deixarem... Eu colocaria também neste rol de formas alternativas de divulgação científica certas músicas de Caetano, Lenine etc...

Só ainda não entendi o que significam os versos em HTML no poema do Rogério... Minha interpretação pessoal é de que Rogério quis dizer que o HTML é a poesia do futuro, feita nas entrelinhas de nossos textos... Bom, talvez tenha sido apenas um erro de copy and paste... Melhor ainda, talvez tenha sido as duas coisas ao mesmo tempo, o que seria paradoxalmente genial. Tudo bem, Rogério, não precisa me explicar.

Para referência:
(En)canto científico: temas de ciência em letras da música popular brasileira
(...)
Continue a ler aqui no SEMCIÊNCIA.

5 comentários:

Kynismós! disse...

textos pouco traduziveis... vasta gama de leituras... vender poesia barrenta por poesia profunda... hum!

Sou mais a literatura de cordel mesmo, diz o que quer dizer e o que tem de dizer sem muito nhenhe nhém, mas nem por isso vai ensinar ciência a ninguém.

Osame Kinouchi disse...

Cordel e ciência é uma coletânea de 22 folhetos escritos por cinco nordestinos que elegeram como mote questões e fatos relacionados à ciência. Estes versos populares oferecem uma leitura prazerosa sobre relatos de descobertas científicas, questões relacionadas à saúde (dengue, vacinação, transplante, diabetes), ao meio ambiente (fauna e flora), episódios da vida de cientistas (Newton, Einstein, Sabin, Santos Dumont, Oswaldo Cruz, Galileu, Hipócrates, Arquimedes e Kepler) e descrições de acontecimentos astronômicos (a conquista da Lua, o cometa Halley e outras).

O livro mostra que grandes nomes da literatura de cordel têm aberto espaço para discutir a ciência em seus folhetos. Alguns deles, como Gonçalo Ferreira da Silva, que é presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, vêm se dedicando nos últimos anos a escrever biografias de cientistas e filósofos que marcaram a história da ciência e do pensamento humano. Já Manoel Monteiro assumiu a tarefa de informar e alertar seus leitores sobre temas relacionados à saúde. Outros cordelistas usaram também a criatividade para explorar temas importantes relacionados à ciência e à saúde, como Raimundo Santa Helena, Eugênio Dantas de Medeiros e Edmilson Santini.

Osame Kinouchi disse...

Referencia: http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?from_info_index=21&infoid=21&sid=10

Tem tambem este:
http://pascal.iseg.utl.pt/~ncrato/Expresso/CienciadeCordel20040117.pdf

Osame Kinouchi disse...

Como falar de saúde, astronomia e natureza
Com criatividade, simplicidade e destreza?
Se em prosa sobre ciência é difícil escrever,
Imagina então em versos: como se há de fazer?

Pois a literatura de cordel
Grande manifestação popular
Sabe como ninguém divulgar
A ciência da terra, mar e céu

E agora um livro de rara beleza
Traz cordéis de Gonçalo, Raimundo e Edmilson,
Versando sobre as maiores proezas
De Einstein, Oswaldo Cruz e Isaac Newton

Tirado de:
http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/view/4163

Maria Guimarães disse...

estou adorando as incursões pela poesia, música e outras formas artísticas. carece mesmo de criatividade, chamar a atenção para a ciência!