31 outubro, 2007

Estereótipo de cientista?


Nelson me disse que ando colocando muita foto de mulher bonita aqui no SEMCIÊNCIA. Bom, mas o nome do blog diz exatamente que o mesmo não é muito sério. Em todo caso, para recuperar sua seriedade científica, anoto abaixo dois papers de Natalie Harshleg, vulgo Natalie Portman.

Da Wikipedia:

Portman has said that she was "used to A's" but admits to reading about institutional grade inflation in the Ivy Leagues in the New York Times. She reported on a talk show, "I'd rather be smart than be a movie star" and that her goal was to graduate from college even if it ruined her acting career.

After high school, Portman enrolled at Harvard University where she graduated with a bachelor's degree in psychology on June 5, 2003. In 2005, Portman pursued graduate studies at Hebrew University in Jerusalem. Portman is credited as a research assistant to Harvard Professor Alan Dershowitz's The Case for Israel. She was a research assistant to Dr. Stephen M. Kosslyn's psychology lab as well, and made a cameo appearance as a guest lecturer for the Terrorism and Counterterrorism course at Columbia University in early March of 2006, discussing themes from her film V for Vendetta.[8]

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33 comentários:

João Carlos disse...

Adorei o: «Eu não gosto de estudar. Eu detesto estudar. Eu gosto de aprender. Aprender é lindo.»

Realmente, se você associar "estudar" com algo que você faz por obrigação, e "aprender" com algo que você faz porque gosta, nada mais correto.

Tem gente que vai à escola para "estudar"; tem gente que vai à escola "aprender".

Kynismós! disse...

O problema é que não se aprende sem que se estude.

João Carlos disse...

Engano seu!... Você "estuda" andar de bicicleta?... "Estuda" jogar futebol?... "Estuda" paquerar uma garota?...

É exatamente aí que reside a beleza da frase que eu realcei do artigo.

E, vindo de um professor, sua afirmação me deixa preocupado...

Kynismós! disse...

Sim, estuda-se tudo isso vendo os outros fazer e praticando, e quanto mais se usar o cérebro mais se terá sucesso em qualquer atividade. Não se nasce sabendo andar de bicicleta, nem se nasce sabendo jogar futebol, nem se nasce sabendo paquerar uma garota, etc.

É esse tipo de pensamento, que não se precisa estudar para aprender, que vem desgraçando a educação não só no Brasil mas mundialmente. A lei do menor esforço não funciona quando o negócio é se aprender algo de verdade, principalmente em ciência.

João Carlos disse...

Vamos ver se dessa vez você entende: não, você não "estuda" nada disso!... Você "aprende"!...

"Aprende" porque quer, porque precisa, ou porque lhe deu na telha... Se, para "aprender" você tiver que "estudar", paciência... O importante é "aprender". "Estudar" é um meio para aprender, não uma "atividade fim".

Se é necessário ou não estudar para aprender, varia das habilidades particulares de cada um. Tem gente que passa a vida estudando e não aprende nada... Só "decora"... Alguns até conseguem cargos de professor, porque são capazes de demonstrar um grande conhecimento de um ramo particular de ciência ou de determinado idioma...

E, discordo novamente: não é achar que "não se precisa estudar para aprender" que vem desgraçando coisa alguma... O que vem desgraçando tudo, não só o ensino, é a falta de valores éticos. Sem eles, você pode ter escolas magnificamente aparelhadas, com professores excelentemente preparados e regiamente bem pagos (sem os "valores éticos" é ruim ter isso, né?...) que a absoluta falta de motivação dos alunos em "aprender", vai dar com todos os burros n'água...

Ah!... Sim... A "Lei do Menor Esforço" sempre funciona. Até para fazer água correr morro acima... "Menor" é um termo relativo e não é sinônimo de "nenhum".

João Carlos disse...

Mudando totalmente de assunto:

A Natalie fez muito bem em mudar o nome. "Hasrhleg" é tudo que ela não é...

Shridhar Jayanthi disse...

Eu concordo com vc João. Mas eu faço duas ressalvas:

1) Seja M o custo de motivar, A o custo de aprender (estudar motivado) e E o custo de estudar, às vezes M+A>E. O exemplo clássico pra mim disso é a transformada de Fourier. Quando eu aprendi eu tive que engolir "estudar" a integral. Só agora que eu consigo entender o que é o espaço de freqüências, eu consigo "aprender" mais sobre ela. Alguém podia ter discorrido melhor sobre a transformada de Fourier antes de caírmos na matemática - talvez isso fosse mais palatável, mas é muito difícil motivar sem mostrar aplicações e muito difícil mostrar aplicações sem resolver problemas, o que exige estudar a transformada.

2) Existem situações onde M -> infinito (geralmente quando a criança põe na cabeça que aquilo não serve pra nada). Neste caso desistimos até alguém achar uma forma de reduzir M? Abandonamos a criança nessa situação?

Acho que esses problemas são bem maiores no ensino superior, onde teoria e aplicação estão em contato íntimo... Agora eu tenho mordido a língua infinitamente em relação ao meu curso de graduação... eu havia dividido meu programa em matérias úteis e inúteis. As matérias inúteis são as que mais estão me servindo agora (e das quais eu me arrependo de não ter copiado...).

João Carlos disse...

Shridhar:

Seu argumento 2: É onde eu entro com minha argumentação sobre "valores éticos". Vá tentar convencer uma garota de programa que ganha uma nota razoável toda noite que ela deve largar essa vida, estudar que nem uma mula, batalhar um diploma e ganhar por mês o mesmo que ela ganha em uma semana...

Não adianta explicar para ela que, dentro de pouco tempo, ela vai estar um farrapo humano... a mentalidade dela não tem esse alcance todo.

Quanto ao argumento 1, lhe dou inteira razão. Foi isso que eu queria dizer com: "Se, para "aprender" você tiver que "estudar", paciência..." Mas será que custa demais aos professores explicar para que você tem que estudar Cálculo Integral?...

Um exemplo de como: apresentar um problema de física que envolva Fourrier; mostrar como se chega ao resultado (e os alunos, "boiando" solenemente...); e começar pelo início... Pombas!... Meu professor de matemática do 1º científico ensinou a turma a montar a forma canônica da equação de 2º grau: na hora de decorar a equação, todo o mundo sabia porque a fórmula era aquela!... Levou três aulas ensinando algo "trivial", mas ninguém esqueceu depois!

Shridhar Jayanthi disse...

Yep. Concordo completamente. Não sei se a expressão "ética" é a mais apropriada, acho que no caso a expressão é mais próxima de "moral" ou "disciplina", mas acho realmente que estamos falando da mesma coisa. O livro do Levitt (Freakonomics, não sei se a tradução pro português é essa, de leitura obrigatóríssima) trata exatamente deste problema quando ele fala sobre ser traficante ou jogador de futebol... O enfoque dele gira em torno de retorno sobre investimento aparente, mas é fundamentalmente o mesmo problema!

Agora sobre essa questão de ensinar pelos conceitos... Um problema que eu reparei no ensino superior é que (1) o professor esqueceu como ele fez pra entender a coisa ou então que (2) ele não entendeu o conceito e tá te passando só o que ele entendeu: a matemática, hehe. O caso (2) é infelizmente bastante comum, mas a solução é esperar uma nova geração de professores (eu sou otimista, acho que a derivada é sempre positiva!) pq professor universitário tem mania de achar que não tem que aprender mais.

Mas o ponto (1) acima é grave, acho que quase inevitável. Eu já me vi muitas vezes numa situação de estar ensinando alguém e eu não conseguir botar o que eu tenho na minha cabeça em palavras nem consigo lembrar qual foi o pulo do gato pra poder enxergar o que acontecia [aliás esse é o objetivo do blog que eu mantenho: tentar registrar os pulos de gato mentais que mudam os paradigmas]. É realmente difícil conciliar a pedagogia com o conhecimento num nível superior. É incrível como faltam palavras as vezes e a gente fica "coisificando" tudo.

Agora no nível mais fundamental, concordo totalmente. Eu também aprendi a equação de Bhaskara através da demonstração da solução e desde então nunca esqueci. Não que na época eu tivesse gostado de ter que aprender daquele jeito, hehe...

Sobre Fourier, na verdade o método que vc está apresentando realmente não funcionou tão bem assim comigo... que me ensinaram, no contexto de circuitos elétricos, mas o negócio não entrava tão bem assim na minha cabeça... às vezes o negócio era multiplicar a função pelo kernel, integrar e ver no que que dava...

Kynismós! disse...

Gostam de distorcer o sentido das palavras por aqui.
Estudar não é um meio para aprender, é o único meio.

Gostam de distorcer o sentido das palavras por aqui.

Estudar:

[De estudo + -ar2.]
V. t. d.
1. Aplicar a inteligência a, para aprender: estudar um idioma, uma ciência.
2. Dedicar-se à apreciação, análise ou compreensão de; examinar, analisar: Estudou com atenção o regulamento para melhor enquadrar o seu caso.
3. Observar atentamente: Estudou a fisionomia do interlocutor.
4. Procurar fixar na memória; esforçar-se para saber de cor: estudar a lição; O ator estudou bem o papel.
5. Freqüentar o curso de; cursar: Estudou letras, sem chegar a diplomar-se.
6. Examinar ou observar atentamente: Estudou o local onde deveria construir a casa, e achou-o impróprio.
7. Exercitar-se ou adestrar-se em: estudar um passo de balé.
8. Ensaiar previamente (uma atitude, um gesto, um acessório, a posição dum objeto, etc.), para ter idéia do efeito: estudar um sorriso; estudar a colocação da floreira.
V. int.
9. Aplicar o espírito, a memória, a inteligência, para saber, ou adquirir instrução ou conhecimentos.
10. Exercitar-se, adestrar-se.
11. Ser estudante: Tem 15 anos e estuda.
12. Ser estudioso: Faz excelentes provas porque, além de ser inteligente, estuda.
13. Meditar, pensar; assuntar: Falei-lhe, e não me ouviu: tinha o olhar vago de quem está estudando...
14. Bras. N.E. Ficar em pé, diante da manjedoura, sem comer (o animal cavalar ou bovino).
V. p.
15. Aprender a conhecer-se; observar-se; analisar-se.

Fonte: Dicionário Aurélio.

João Carlos disse...

Tá bem Krishnamurti...

Se você quer ser mais ortodoxo do que rótulo de Maizena e ficar discutindo palavras, em lugar de idéias, divirta-se!

Kynismós! disse...

Virou moda condicionar o aprendizado ao imediatismo (por querer, por precisão, por que serve para alguma coisa, por que dá dinheiro, etc.), como se o aprendizado não requeresse concentração, reflexão e gasto de energia e se desse de uma hora para outra quase sem esforço. Para aprender você sempre terá que estudar, principalmente se for para aprender ciência.

Se o camarada não estiver a fim de pagar o preço para aprender, que é estudar, azar. Aluno do ensino básico não pode se dar a esse "luxo", como dependente de papai e mamãe que pariu tem que estudar e pronto, e sobre a supervisão dos genitores.

A puerilidade dos argumentos são tão patentes e mostram bem como alguns que aqui discutem estão por fora da situação real atual da educação e do que se passa em nosso país, chegando ao ponto de se argumentar que se se aprende a deduzir a fórmula para obter as soluções de uma equação do segundo grau a partir da forma canônica da equação, essa fórmula não será mais esquecida e, ainda mais, será entendida. Mas isso é o óbvio ululante e é justamente o que os jovens não querem e o que os pedagogos e especialistas em educação execram com se tal forma de se ensinar as coisas (pela raiz e independentes do para que serve) fosse traumatizar os jovenzinhos vagabundos.

Ainda bem que o Shridhar Jayanthi deixou praticamente um depoimento que mesmo não gostando tem-se que estudar, e que depois de se ter estudado e ter-se sido devidamente cobrado o valor das coisas vai aparecendo aos poucos, valor que não seria claro mesmo se se apresentasse justificativas, pois o aluno não teria maturidade suficiente para entendê-las. E isso no nível universitário, no nível médio é que não se deve ter preocupação com esse tipo de justificativa mesmo.

Temos um problema de ética na educação sim, professores que não estudam o suficiente e que não preparam suas aulas, alunos que acham não precisarem estudar para aprender, muita gente que não está em sala de aula dando pitaco em assuntos educacionais, etc.

Shridhar Jayanthi, essa qualidade de se saber como passar o pulo do gato para os alunos é o que diferencia um bom professor de um simples copista, percebo que muitos "professores" (a maioria deles) nunca chegaram a esse pulo do gato e por isso só repetem feito umas bestas o que está escrito nos livros, os quais qualquer um poderia ler sozinho.
Por que agem assim? Simples, por que não estão muito a fim de gastar energia preparando aulas e se preocupando em realmente fazer os alunos entenderem o assunto, que muitas vezes eles próprios não entendem em seu cerne.

Em sua autobiografia o Feynman dá um depoimento de como gastava tempo e energia para preparar suas aulas e que aí era onde mais aprendia, e mesmo que isso lhe tirasse tempo da pesquisa ele não se sentia bem quando ficava sem lecionar.


“O estudo da matemática contribui para uma boa formação do espírito, exercita singularmente a atenção, desenvolve a vontade ao mesmo tempo que a capacidade de raciocinar corretamente e dá hábitos de paciência, de precisão e de ordem, que são qualidades indispensáveis ao bom desempenho de toda atividade.” Edgard de Alencar Filho

Kynismós! disse...

"Eu não gosto de estudar. Eu detesto estudar. Eu gosto de aprender. Aprender é lindo."

Uma das frases mais podres, sofismáticas e desprovidas de sentido que já li.

João Carlos disse...

Krishnamurti:

Se sua intenção era irritar, ok!... você conseguiu. Eu tenho mais é pena dos alunos de um medíocre autoritário como você. É por causa de professores assim que os alunos se desinteressam: "aprende porque eu estou mandando, menino!... por que não te interessa!"

Ora, vá lamber sabão!...

Shridhar Jayanthi disse...

Krishna, estudar (no conceito do que se faz na escola) não é o único meio de aprender; experimentar é o outro meio (que também é a acepção de estudar, 2 ou 6). É o que cientistas fazem. Mas é um processo muito lento e custoso, por isso que pra alunos de ensino básico o método mais indicado é o de aprender mesmo (já pensou se tivéssemos que esperar um cara chegar na fórmula de Gauss sozinho?).

Eu não tenho a menor dúvida de que é preciso estudar mesmo quando o negócio é chato, modorrento, idiota. E é preciso estudar também mesmo quando o professor é ruim e não sabe explicar, pq se vc pensar "o professor é ruim então eu não vou aprender", quem perde é exatamente você, pro professor tanto faz. No meu tempo dizia-se que é o aluno que faz a escola, coisa que, cada vez mais, concordo.

Sobre a tal ética na educação... putz, isso aí começa muito antes.

Educação se reflete em ganho pessoal quando a sociedade permite livre concorrência entre pessoas num mercado. Assim, a educação pode ser convertida em aumento de eficiência que causa melhor qualidade de produto e menor preço. Numa sociedade altamente politizada e estatal como a brasileira (com estabilidade pra concursados, impostos altíssimos que reduzem o volume de consumo, predominância da Lei de Gérson), aprendizado real ou aprendizado burocrático têm exatamente o mesmo valor (às vezes o burocrático vale até mais). É um ambiente onde "parecer saber" e "saber" tem valores semelhantes. Culpa desse excesso de proteções e amparo que as pessoas ineficientes recebem. E a parte mais engraçada é que todos nós, estudiosos, achamos esse sistema bacana, pq é caridoso. Enfim.

É brutal falar isso? É. Lógico, isso aí é a minha opinião "porco-direitista", então as pessoas vão protestar, e eu já aviso que não vou responder, política me irrita, podem me xingar a vontade. Mas, no meu ver, o problema todo está bem antes da escola. Não é que a mãe do cara de uma região pobre acha que estudar é perda de tempo. É que nesse nosso Brasil, estudar É perda de tempo. No Brasil, esudar é coisa de burguês, pobre mesmo tem que é trabalhar ou entrar na "luta de classes" e sair roubando Rolex por aí.

Kynismós! disse...

Pois é Shridhar Jayanthi, e não sou eu que vou protestar, acho que concordamos que aprender, seja por qual meio for, requer gasto de energia, como alguns diriam: "pensar dói".

Mas de nada vale a opinião de um medíocre autoritário que faz sua parte para moralizar a educação, já os achismos de quem nada faz...

Rarará

João Carlos disse...

A quem possa interessar:

"Um cínico é um sujeito que, quando sente o cheiro de flores, fica procurando o caixão do defunto" (H. L. Mencken)

"Não há nada tão digno de piedade quanto um jovem cínico: ele passou de não saber nada diretamente para não acreditar em nada" (Maya Angelou)

Kynismós! disse...

Vai estudar um pouquinho de matemática e vai dar umas aulinhas para ver se deixas de escrever tantas sandices sobre educação.

João Carlos disse...

Rarará (é chato ser sacaneado, né?...)

Kynismós! disse...

É chato ter alguém intelectualmente honesto que te diz quando escreves asneiras, não é?

João Carlos disse...

E - mesmo fugindo do tema - as "sandices" que eu digo sobre educação, são as seguintes:

Eu acho que:

- em um país onde a miséria campeia, a inclusão da pré-escola no sistema de educação fundamental é importantíssimo;

- é inadmissível um sistema de aprovação automática, especialmente no ensino fundamental: "a escola finge que ensina e o aluno finge que aprende";

- não se pode deixar a carga toda nas costas dos professores do ensino fundamental e médio: precisa haver um programa paralelo de assistência às famílias dos alunos para que toda a família exerça seu papel no aprendizado das crianças;

- os professores deveriam receber salários dignos, onde fossem computados não só as horas em sala de aula, mas também todas as atividades necessárias à preparação das mesmas, à avaliação do aprendizado e às atividades de aperfeiçoamento e atualização de seus próprios conhecimentos;

- o número de alunos nas turmas não deveriam exceder a capacidade de atenção dos professores (eu acredito que entre 25 a 30 alunos seria uma excelente média);

- os "conteúdos programáticos" deveriam ser revistos e atualizados, com menos ênfase em exercícios teóricos e mais em aulas práticas;

- em lugar de ficar se discutindo picuinhas sobre "autonomia das universidades", se deveria dar maiores condições para que essa autonomia realmente existisse, permitindo uma efetiva participação do empresariado em programas de financiamento de pesquisas tecnológicas;

- e, finalmente, gastar menos com burocracia (notadamente na área de arrecadação de impostos) e eventos faraônicos (tais como Olimpíadas, Jogos Panamericanos e Copas do Mundo) e mais com o que o país precisa: educação, saúde e saneamento (onde fica a segurança?... Fica grandemente aliviada com um povo mais culto e saudável...)

Isso tudo é "sandice"?...

João Carlos disse...

Quanto a sua última, eu não considero você "intelectualmente honesto": eu acho você grosseiro e intransigente. Você "finge que não ouve" as idéias e fica discutindo as palavras. Isso não é "honestidade"; é retórica vazia. Eu costumava visitar diariamente seu Blog, mas desde que você publicou aquele artigo sobre Fermi, não tem publicado nada. Tempo para escrever algo de útil você não tem, mas sobra disposição para vir aqui e tentar ridicularizar os "achismos" alheios...

Apresente suas próprias idéias... Ficar glosando os outros é muito fácil: por a cara na janela é bem mais difícil... E você ainda se considera "honesto"?...

Ah!... Qual é?!...

Kynismós! disse...

Finalmente resolveu voltar a defender idéias bem plausíveis, com exceção a essa daqui:

"- os "conteúdos programáticos" deveriam ser revistos e atualizados, com menos ênfase em exercícios teóricos e mais em aulas práticas;"

diria com ênfase nos dois, já que hoje em dia a ênfase não é em nada, não passa de uma espécie de burocracia mesmo. Daí outra vez o ponto de divergência, ora bolas, a teoria é que ensina o sujeito a pensar, a prática ensina o sujeito a fazer. Passe o dia raciocinando em cima de um problema e passe o dia tentando montar alguma geringonça, no final do dia verás o que causou maior cansaço mental, ou seja, o que te fez mais usar o cérebro, os frutos virão depois.
Lembrando que alguns conteúdos não precisam ser atualizados, talvez incrementados, a matemática, por exemplo, sempre que mexem nela é para pior.

Se não escrevo por lá é porque devo estar escrevendo para outro público alvo, diga-se alunos.

João Carlos disse...

Eu me lembrei de um artigo no EurekAlert, parte de matemática, com o seguinte título: Even without math, ancients engineered sophisticated machines, da prestigiosa Universidade de Harvard.

Apresente um problema prático e deixe os alunos quebrarem a cabeça. Depois, entre com a teoria e mostre como o raciocínio resolve o problema, melhor do que "tentativa e erro".

O Mauro Rebelo, ainda outro dia, publicou um belo artigo chamado Missão dada é missão cumprida, onde soltava os cachorros na incapacidade dos alunos em observarem corretamente os protocolos de uma experiência científica.

O ponto de divergência é apenas uma questão de "ponto de vista". A prática induz o raciocínio. (lá no alto eu mencionei a "Lei do Menor Esforço"; não é tão difícil assim demonstrar que analisar um problema pelo enfoque teórico, é a "linha de menor esforço").

Concordo, também que as "mexidas" na matemática só fizeram complicar mais ainda as coisas. Já na questão de "língua portuguesa" a coisa muda completamente de figura...

E aproveito para incluir mais um de meus "disparates": lógica devia ser assunto para a pré-escola e matéria obrigatória durante todo o aprendizado inicial.

Se o aluno for ensinado a raciocinar, desde o início, "pensar" já não vai "doer" tanto, depois.

O que não dá é para você exigir de sues alunos que se interessem por física teórica, sem que eles tenham um mínimo de capacidade de raciocinar de maneira coerente, de expressar os pensamentos caóticos que lhes ocorrem, e não conseguem associar a matemática a coisas mais práticas do que o preço da roupa de "griffe", ou seja lá os valores imediatistas e consumistas que enfiam em suas cabeças vazias.

O Mauro encontra problemas igualmente irritantes com pessoas que, para você, até tinham algum potencial a ser mais desenvolvido.

Repito para você, o que disse para ele: se ensinar fosse fácil, todo o mundo ia quere ser professor...

Kynismós! disse...

"E aproveito para incluir mais um de meus "disparates": lógica devia ser assunto para a pré-escola e matéria obrigatória durante todo o aprendizado inicial."

Disparate nenhum, mas acho que continuaremos divergindo apenas no ponto prática X teoria.

Osame Kinouchi disse...

Calma gente, discutamos com elegância e educação. Tem um monte de gente lendo este blog.

Bom, deixa eu dar os meus pitacos:
Primeiro, acho que a Natalie, quando diz que nao gosta de estudar mas gosta de aprender, quer enfatizar que os fins sao mais importantes que os meios.

Krishna, vc deve bem saber que, para aprender Matematica, nao basta ouvir aulas teoricas, tem que praticar fazendo exercicios, ate que isso se torne uma segunda natureza (assim como tocar piano, dirigir, fazer amor etc). Ou seja, na verdade, tudo que realmente aprendermos, aprendemos praticando, nos exercitando.
Inclusive a teoria.

Agora, um outro sentido que talvez a Portman tenha se referido, mais pessoal, eh que ela pessoalmente nao goste de estudar (como muita gente superdotada nao gosta). E ela parece ser superdotada, dado o numero de linguas que fala, ter publicado um paper na highschool, e, convenhamos, eh bem dotada artisticamente e em outros sentidos também. Nasceu com a bunda virada pra Lua, como se diz por ai.

Nesse sentido pessoal, ela nao esta recomendando que as criancas estudem menos, mas talvez apenas comentando que pessoas de alto QI normalmente precisam estudar menos para aprender algo...

João Carlos disse...

Aproveitando a "deixa" do OK:

Os superdotados são particularmente prejudicados, notadamente nos estágios iniciais do aprendizado. Muitos estudantes acabam vítimas da própria "esperteza" (para não usar o termo discutível "inteligência"). Entediados de repetir infinitamente exercícios que, para eles, são "triviais", acabam desenvolvendo o mau hábito de "adivinhar" as respostas, sem se dar ao trabalho de absorver todos os dados, ou desprezar os protocolos (não é, Mauro?...)

Existem outros que exigem uma explicação mais lenta e detalhada, onde cada passo do processo de raciocínio deve ser esmiuçada e discutida (eu tive um colega na Marinha - tido como "burro" - que era assim: uma vez que os processos eram detalhadamente explicados, ele se tornava tão capaz como os demais - por vezes até mais eficiente).

Cada indivíduo tem seu processo de aprendizado próprio. O processo de ensino tem que ter "latitude" suficiente para atender cada caso (concedo, Krishnamurti, não é o que se vê no ensino brasileiro).

E - veja bem! - eu não estou menosprezando a teoria em favor da prática. Eu só estou argumentando que a prática facilita a compreensão da teoria. Afinal, toda e qualquer teoria científica tomou como base dados empíricos (ou a aparente falta destes...)

Osame Kinouchi disse...

Acho que tudo o que defendi cai por terra com este video...

http://br.youtube.com/watch?v=m_YkK722PDU

Silvia Cléa disse...

Oi, Osame!

Bem, pelo que vi, o nome da aluna é Carla e não "tudo que defendi" como vc tenta argumentar aqui...
Aliás, vc conhece o sentido da palavra cavalheirismo?
Acho que soa meu, digamos, nostálgico, fora de moda, né? Vamos trocar então, por algo mais adequado: solidariedade, preocupar-se com o outro?
De que adianta querer salvar os mares (só para ficar com o tema deste mes do Roda) se nem sequer olhar para aluna vc se deu ao luxo??? A cadeira, ou melhor, o fato de tê-la quebrado iria sair de seu salário mas o que possívelmente pudesse ter acontecido à aluna, não!?....
Ah, mas fora só um tombinho, não iria causar assim nenhum dano, não é? Nem a exposição....como está acontecendo agora, que o vídeo caiu na rede...já parou para pensar nisso?
É. Na verdade, é muito mais difícil ser um bom professor do que imaginamos...a prática vai muito além do domínio pleno de conteúdos.

[]s

Osame Kinouchi disse...

Nossa Silvia, que puxao de orelha! Bom, eu nao tenho resposta, mas posso oferecer desculpas:
1. Eu simplesmente nao me lembro do que aconteceu (ate ver o video eu nao lembrava que nao tinha ajudado a Karla (com K) e fiquei espantadissimo com meu comportamento... indesculpavel, sim, embora a Karla me disse depois que eu nao lhe devia desculpas...
2. Minha esposa me disse que nao se surpreendia, pois eu "era assim mesmo, quando nossos filhos caem da bicicleta vc vai socorrer primeiro a bicicleta"...
3. Porque faco isso, nao sei! Nao foi pensado, certamente nao pensei que a cadeira era mais importante ou que saia do meu salario.
4. A explicação mais simples eh que sofro de Sindrome de Asperger - acho que vc sabe o que eh isso, de modo nao sei se vale a pena dar pitaco em deficientes mentais...
5. Sou considerado um dos melhores fisicos brasileiros da minha geracao, de modo que mostrar que eu sou um babaca em publico é uma maneira de, com bom humor, me manter humilde (e talvez humilhar outros fisicos arrogantes que sao mais babacas que eu...). Por isso estou divulgando o filme.
6. Mais dificil que ser um cientista ou professor, eh ser um bom ser humano, Silvia... Nisso eu concordo 100% com vc... Beijos!

Kynismós! disse...

Ué, essas coisas acontecem, por pura distração e não maldade, ocorreu o mesmo comigo há duas semanas e quando pensei em ajudar a aluna já era um pouco tarde.

Silvia Cléa disse...

Oi, Osame!

A maioria das pessoas aqui desconhece o quanto nos entendemos bem e acredito que até vc, o quão eu preocupo com sua saúde.
Quero me ater, ou tentar, aos aspectos ditos "científicos" do tema proposto pelo vídeo: ao meu ver o mais provocativo e instantâneo e a exposição (sua, enqto professor; e, da aluna pega como exemplo em sala de aula).
Desconheço se, tanto vc qto ela, sabiam do fato de seus comportamentos naquele momento estarem sendo gravados (tal ignorância só piora os fatos, na verdade). Mas, com este exemplo, podemos perceber até onde estamos expostos em nosso cotidiano durante nossas práticas laborativas. Esse sim seria um ótimo assunto para debatermos aqui!
Não vi maldade em sua atitude não, Osame. Conheço vc um pouco, através de conversas (em PVT) e dos debates aqui no Roda e de seus posts...não diria que essa é uma de suas características. Mas escrevi aquilo, porque a leitura do vídeo pode conduzir a tal.
Acho que para encerrar este comentário, gostaria de dizer mais uma opinião estritamente pessoal:
Não sou a Regina Duarte, ms tenho muito, digamos, medo, das pessoas que ficam falando de si...com ou sem "falsas modéstias". Aqui, todos somos alguma coisa...eu por exemplo, jamais me vangloriei por andar, respirar, mastigar, dormir, acordar, sonhar e até pensar! E olha, que às vezes, tento fazer algumas dessas coisas concomitantemente!!!! ;o))))
bjos

Osame Kinouchi disse...

OK, OK, Silvia, retiro o que disse (afinal foi um exagero), embora eu tenha aprendido a duras penas que nunca se deve ser condescendente, ou seja, se uma pessoa bem sucedida diz para os outros que se considera mediocre, ela ofende a todas as pessoas que nao tiveram tanto sucesso ou sorte assim, pois estaria chamando-as de mais mediocres ainda.
Além do mais, como disse um amigo mais experiente quando eu falei que achava certo fisico brasileiro muito bom, " - Você nunca conheceu um físico realmente bom aqui no Brasil"...
O que eu estou querendo dizer é que as pessoas muito sérias, pomposas, que buscam a respeitabilidade social acima de tudo, são essas o principal alvo de chacotas entre seus pares, e nao acho que isso seja fruto do ressentimento Nietzcheniano dos mediocres. Acho que essas pessoas pomposas e arrogantes merecem ser alvo de chacotas sim, porque nao reconhecem o ridiculo da situação humana - exemplo, assisti um dos maiores fisicos brasileiros, conhecido por sua pouca modestia, dar uma palestra no IFUSP na frente de 100 pessoas, com a braguilha aberta e sua cueca aparecendo... E ninguem moveu uma palha para avisa-lo...

Será que me fiz entender? É preciso ter senso do ridiculo e bom humor nesta vida, senao ai é que seremos realmente tontos (ridiculamente querendo mostrar o que nao somos, pobres e estupidos seres humanos, nao importa nosso QI!). Quando Einstein tira aquela foto com a lingua de fora, nao era apenas porque ele tinha cacife para faze-lo e nós nao, mas sim para dizer a todos os seus colegas: Se o cientista mais popular da historia nao tem medo do ridiculo, querer ser mais serio, mais correto, mais presbiterianamente responsavel que ele é o supremo da arrogancia... É querer se passar por alguem superior a Einstein...
Ou seja, se Einstein lavou nossos pés (fazendo aquela foto), devemos lavar os pés uns dos outros...
Quanto a questao da privacidade em sala de aula (sim, eu nao sabia nem tinha autorizado a filmagem), acho que seria um otimo tema e eu apoio voce para que seja um tema de discussao (em dezembro?). Tambem nao autorizei que se colocasse no YouTube (ainda estou tentando descobrir qual foi o aluno que fez isso), mas uma vez colocado, achei melhor eu patrocinar e divulgar o filme em vez de outros fazerem isso pelas minhas costas. Se eu faco piada de mim mesmo, entao nao posso ser alvo de piada, nao é mesmo?
Finalmente, reconheco que foi uma grande marcada nao ter ajudado a Karla a se levantar. Pedi desculpas a ela em publico (nos comentarios do YouTube), algo que nao sei se outros professores "sérios" fariam. Aqueles que nunca pecaram, que atirem a primeira pedra...

Para todos, recomendo a musica "Senhas" de Adriana Calcanhoto:

http://letras.terra.com.br/adriana-calcanhoto/66697/