Freud tem um interessante texto que apresenta as conseqüências de uma entrevista dada a um jornalista teuto-mericano G. S. Virec que o indaga sobre a sua crença na religião durante uma visita sua aos Estados Unidos e por conta disso recebeu uma carta de um médico americano.
Nesta carta o medico fica impressionado com a resposta dada por Freud sobre sua crença na sobrevivência da personalidade após a morte. Simplesmente ele respondeu: “Não penso no assunto”.
Relata o médico que ao passar por uma sala de dessecação deparou com o cadáver de uma velhinha de rosto suave que o fez pensar: “Não existe Deus; se existisse, não permitiria que essa pobre velhinha fosse levada a sala de dissecação.” O sentimento que experimentou da visão na sala de dissecação fizera-lhe decidir não mais continuar indo à igreja. Há muito já nutria dúvidas a respeito das doutrinas do cristianismo.
Enquanto ele meditava sobre o assunto, uma voz falou-lhe à alma que ele deveria considerar o passo que estava prestes a dar. Seu espírito replicou a essa voz interior: “Se eu tivesse a certeza de que o cristianismo é verdade e que a Bíblia é a Palavra de Deus, então eu os aceitaria.”
No decorrer das semanas seguintes, Deus tornou claro à sua alma que a Bíblia era Sua Palavra, que os ensinamentos a respeito de Jesus Cristo eram verdadeiros e que Jesus era nossa única salvação. Após uma revelação tão clara, passou a aceitar a Bíblia como sendo a Palavra de Deus, e Jesus Cristo, como seu Salvador pessoal. Desde então, Deus Se revelou a si por meio de muitas provas infalíveis, acrescentou.
12 comentários:
Rogerio, muito interessante. Me pergunto se seria possivel construir uma explicação psicanalitica sobre o ateísmo, na forma de uma pulsão Edipiana para matar o Pai. Ou seja, teriamos um ateismo racional, fleumático, e outro ateísmo passional, beirando o irracional(Dawkins), motivado por pulsões inconscientes.
Osame, relembrando que a origem de meus conhecimentos advem das Ciências Biológicas, gostaria de parafrasear Freud e dizer que eu “não tinha pensado nisto”. É sério, quando a existência de Deus não é uma questão (Heidegger), fica difícil pensar numa pulsão ateísta. Nunca vi isto na clínica, mas aceito o desfio de pensar agora. Li algures que Thomas Henry Huxley defendeu a tese de que se não existe Deus (agnosticismo) não há por que discutir isso.
As bases filosóficas do agnosticismo foram assentadas no século XVIII por Imanuel Kant e David Hume, porém só no século XIX que o termo agnosticismo seria formulado. Seu autor foi o biólogo britânico Thomas Henry Huxley avô paterno do escritor Aldous Huxley (autor do romance Admirável Mundo Novo). Ele definiu o agnóstico como alguém que acredita que a questão da existência ou não de um poder superior (Deus) não foi nem nunca será resolvida. Em outras palavras ele dizia: assim como não posso exlicar cientifimante a existecia de Deus, também não posso explicar cintificamente a inexistência de Deus.
Em suas palavras (Wikipédia): "Eles estavam seguros de ter alcançado uma certa gnose - tinham resolvido de forma mais ou menos bem sucedida o problema da existência, enquanto eu estava bem certo de que não tinham, e estava bastante convicto de que o problema era insolúvel." T. H. Huxley (1825-1895).
Se não há Deus, não há pai, não há complexo de Édipo. O oráculo não completa sua profecia. Não há pai para ser morto. Deus já está morto (Nietzsiche).
Ok, Rogerio, mas para o comum dos mortais, a visão recebida é a de que existe Deus (ou deuses). Imagino que o ateismo filosofico (não o ateismo pratico do dia a dia) tenha se originado entre os filosofos gregos. Para estes, negar a existência de um Deus Rei e Pai seria um ato de parricidio divino. Afinal, sempre ouvi dizer que os deuses masculinos assumem a primazia junto com a ascensão do patriarcado, ou seja, os deuses masculinos são modelados a partir da visão do pai patriarcal. Ou não?
Ou seja, eu nao estou discutindo nenhuma ontologia divina, estou me perguntando: psicologicamente, para um crente que se torna ateu, isso não equivale a um parricidio edipiano?
Osame, creio que vc colocou o dedo na ferida, não acho que os cientistas (psicanalistas inclusive) não deixem de ser mortais e tementes a Deus. A questão é a de distinguir entre um Deus, todo poderoso, criador do ceu e da terra, de um um Deus que não dá conta do Big Ben, nem da evolução. Psicologicamente, na sua perguna: "para um crente que se torna ateu, isso não equivale a um parricidio edipiano?" eu diria que talvez. Voltando ao texto, se a conversão é dependente de um parricídio edipiano, sim, explico mais adiante. Contudo o cientista não depõe Deus pelo medo, mas pelo conhecimento. Para Dawkins, Darwin, Freud, os filósofos e cientistas da atualidade, Deus não precisa morrer, simplesmente porque nunca existiu.
Na pergunta "quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?" há um paradoxo, se foi o ovo, o resultante galinha é óbvio e fica a pergunta de onde vem o ovo. O contrário também não resolve o dilema.
Um crente não se torna ateu por conversão e sim pelo conhecimento, enquanto um crente é feito pela fé. Eu ouzaria dizer: não só pela fé, mas pelo medo que não sustenta o conecimento. Aqui se encontraria o parricidio edipido.
Estou pensando agora que todo matador é medroso, senão fosse negociaria em lugar de matar. Será???
Errata:
Não é Big Ben e sim Big Beng.
Não é edipido e sim e edipiano.
Fico pensando se Big Ben não seria um lapso freudiano (risos). Ainda mais que vc lapsou de novo, Rogerio, não é Beng (agora sim ficou freudiano!), é Bang!
Maria, por que na lista de colaboradores, em vez de Ana Claudia Lessinger, está apenas Via Gene?
Verdade!
osame, a ana que se inscreveu assim. você tem que perguntar pra ela!
Puxa, finalmente entendi algo que ele escreveu; boa Rogério!
Estive dando uma de Lúcia Malla passeando pelo mundo e não pude seguir a maioria das discussões, pelo que chego um pouco atrasado. Concordo com o Rogério quando ele diz que o conhecimento dos fenómenos da natureza e sobretudo de como funciona a psique humana facilita a escolha pelo ateísmo.
Pode ser uma imagem simplista mas a religião ou pelo menos a concepção de um mundo mágico parece-me de certo ponto inevitável numa sociedade primitiva, entendendo por primitiva não científica. Imagino sempre a situação de alguém que tem um sonho daqueles realistas com um conhecido já falecido, ou sobre os animais que caçou anteriormente ou planeia caçar. Tal como as alucinações causadas por drogas, ou as vozes que só certos indivíduos ouvem, a tentação de atribuir isto a um mundo sobrenatural parece-me irresistível.
O Rogério fez bem em chamar a atenção do papel da psicologia na desconstrução dos sonhos, alucinações e vozes interiores como evidências de profecias ou experiências religiosas. Estes aspectos são pelo menos tão importantes como os modelos físicos para o mundo que explicam os fenómenos naturais.
Postar um comentário