16 setembro, 2007

Um pouco mais de "Estilo SciAm"?


Eu acredito que em boa parte dos artigos da Scientific American essa comunicação da incerteza, da polêmica e do debate científico são feitos de forma razoável. Imagino que isto se deva ao fato de que em geral os autores são cientistas que sabem que seu artigo vai ser lido por colegas (inclusive seus adversários), de modo que tentam ser mais ou menos "fair" sem deixar de assinalar qual alternativa preferem (justificando o porquê disso). Ou seja, isso não é exatamente equivalente à "isenção" jornalistica que às vezes quer dar espaço igual para teorias desiguais (em termos de evidências).


Eu chamaria isso de Estilo SciAm. Será que as outras revistas brasileiras de divulgação científica apresentam um estilo similar? Não seria hora de tal padrão ser adotado mais genericamente?


Para ver um exemplo do Estilo SciAm, ver aqui e aqui. Digo, não o meu estilo, mas o estilo da SciAm...

2 comentários:

João Carlos disse...

A idéia geral me parece correta, mas, aí, me aparece a questão que eu coloquei em meus dois posts e o Mauro sintetizou tão claramente no dele.

A maior parte do aprendizado humano, desde a infância, é feito por imitação de "paradigmas", daí o meio familiar ser tão influente nos processos de raciocínio e aprendizado. E a constatação é que a mente, ainda em desenvolvimento das crianças, precisa desses "certos" e "errados" absolutos (ou, colocado em outros termos, tem que se valer da aceitação da "autoridade" dos mais velhos) para, a partir dessas "escalas de valores" começar a desenvolver a sua própria (processo o qual, geralmente durante a adolescência, se traduz na negação desses próprios valores, em busca de "opiniões próprias").

E, aí, entra um dado a mais: quando a mente do aprendiz fica apta a conviver com o fato de que não existem "certezas absolutas"?... Em que ponto se pode introduzir a chocante revelação de que as melhores teorias (ou seja, aquelas que melhor correspondem aos fatos experimentais) não possuem "explicações definitivas" e que toda observação comporta, ainda, um maior refinamento dos dados?...

Esta é uma questão que nunca pode estar ausente da mente dos que se propõem a ser "divulgadores da ciência": o grau de "discernimento" de seu público-alvo.

Mauro Rebelo disse...

As poucas vezes que eu li a Sci. American brasileira, eu não gostei. Achei muito superficial. Tentei ler os artigos que você botou, mas não tive acesso.