Parece que vai ocorrendo um clima de mudança sobre a questão da mudança de clima (OK, OK, desculpem o horrível trocadilho, não resisti). Aqui, gostaria de enfatizar algo que coloquei em um comentário no Roda de Ciência. Me parece que dado a complexidade e presença de inúmeros laços de feedback, aparecimento de bifurcações devido a processos não lineares, etc, realmente a única coisa que pode se fazer, cientificamente, é propor (e melhorar) cenários de mudança climatica. Ou seja, não será possivel nunca se chegar a um consenso científico: o consenso não pode ser um pré-requisito para a ação.
Mas você, leitor, já está acostumado com isso. A meteorologia é tão complexa quanto a economia, mas isso não implica que os governos e as pessoas caiam no laissez-faire simplesmente porque não podem prever seus rumos. Você faz seguros, faz poupança, se prepara para dias onde o "clima da sua vida" irá mudar. Os governos fazem politicas econômicas, industriais, sociais etc. Mesmo na ausencia de consenso. Mesmo quando os cenários não são unânimes entre os economistas. Pois você tem que agir baseado na melhor informação disponível, não na verdade absoluta (coisa que não existe em ciência).
Sem dúvida, um "clima" de alarmismo (desculpem de novo) também pode ser prejudicial, por jogar as pessoas ou no ceticismo ou na resignação sem esperança (as pessoas, especialmente os céticos, passam convenientemente de uma atitude a outra). Por outro lado, a teoria de decisão estatística diz que é melhor acreditar em um falso positivo do que um falso negativo. Este é o dilema, que todos enfrentamos no dia a dia: se alguém grita "FOGO!" no seu prédio, você pega suas coisas e sai correndo ou fica esperando por um consenso científico sobre o tema?
Continue a ler no SEMCIÊNCIA.
Mas você, leitor, já está acostumado com isso. A meteorologia é tão complexa quanto a economia, mas isso não implica que os governos e as pessoas caiam no laissez-faire simplesmente porque não podem prever seus rumos. Você faz seguros, faz poupança, se prepara para dias onde o "clima da sua vida" irá mudar. Os governos fazem politicas econômicas, industriais, sociais etc. Mesmo na ausencia de consenso. Mesmo quando os cenários não são unânimes entre os economistas. Pois você tem que agir baseado na melhor informação disponível, não na verdade absoluta (coisa que não existe em ciência).
Sem dúvida, um "clima" de alarmismo (desculpem de novo) também pode ser prejudicial, por jogar as pessoas ou no ceticismo ou na resignação sem esperança (as pessoas, especialmente os céticos, passam convenientemente de uma atitude a outra). Por outro lado, a teoria de decisão estatística diz que é melhor acreditar em um falso positivo do que um falso negativo. Este é o dilema, que todos enfrentamos no dia a dia: se alguém grita "FOGO!" no seu prédio, você pega suas coisas e sai correndo ou fica esperando por um consenso científico sobre o tema?
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7 comentários:
Bom, a notícia é mais alentadora... (em que pesem os trocadilhos infames...).
O problema reside na resposta a sua pergunta sobre o que fazer quando alguém grita "fogo!", no prédio onde você está.
Dizem as más línguas (não é Daniel?) que, se você for um matemático, vai avaliar a extensão do fogo, a capacidade das mangueiras contra incêndio, declarar que é um problema trivial e ir se ocupar de outra coisa...
Bangladesh pode, perfeitamente, usar a velhíssima solução holandesa: construir diques. O problema é: de onde sai sair a grana?...
Isso, sem contar que a Lúcia vai ficar de coração irremediavelmente partido se a Barreira de Corais desaparecer...
O 90% de certeza da culpa humana provoca-me algum desconforto. O problema é que há a (pequena) possibilidade de que algo esteja a falhar na nossa compreensão do fenómeno. Do ponto de vista da ciência em si não seria grave, mas o impacto sobre a opinião pública seria desastroso.
Caio, vou insistir na minha tese: Toquio e Los Angeles investem milhoes em estratégias de prevenção de terremotos, mas duvido que haja algo como 90% de confiança de que os big ones ocorrerão nos proximos 50 anos.
Combate-se a AIDS baseado no consenso cientifico de que sua causa é um virus sexualmente transmissivel, embora "existam teorias alternativas", como voce bem conhece. Por que será que a midia nao dá espaço igual para essas teorias alternativas na discussão da AIDS? Ou seja, pra voce que gosta de filosofia da ciencia, pergunto: quando a resistencia ao consenso cientifico deixa de ser uma proposta criativa e original para se tornar uma atitude pseudocientifica?
Osame, não é bem comparável. Não se previnem terramotos, você a falar de prever ou então de reagir a uma ocorrência. O equivalente a prever ou reagir a um terramoto, um episódio de tipo instantâneo, e que é uma questão de proteção civil, existe para o aquecimento global. Estamos a falar de coisas como cheias pontuais, tornados, mar que galga zonas costeiras.
Ao contrário dos tremores de terra talvez seja possível evitar o aquecimento global mas não é uma simples questão de ordenamento do território.
O exemplo do SIDA é um non-sequitur, um melhor exemplo é a úlcera gástrica. Sabe-se hoje que é muitas vezes causada por infecção por uma bactéria, a Helicobacter pylori, e em muitos casos simples antibióticos podem curá-la. Durante muito tempo a medicina moderna, baseada em pressupostos que supunha seguros, partia para soluções muito mais drásticas. As pessoas não perderam a confiança na medicina por ela ter inicialmente falhado nesse caso. No caso do clima dada a politização da coisa os efeitos sobre a ciência, em particular coisas "polémicas" como a evolução, seriam maiores.
Os cientistas do clima são pessoas seguramente inteligentes e globalmente responsáveis. Não é isso que está em causa. Os médicos que andaram durante anos a curarem úlceras também o eram. Só que as pessoas vão reagir muito mal se forem obrigadas a deixarem de andar de automóvel para nada. Claro que os cientistas do clima sabem disso e acredito que o "alarmismo" tem que ver com a urgência do problema.
Nosso Sistema Solar está em meados de sua existência. Em breve (anos-luz) qdo o Sol colapsar, começando por inflar e assim englobar os quatro planetas mais próximos de sua órbita e após uma sucessão vigorosa de eventos, implode-se engolindo toda a extensão de sua gravidade, ou seja, para a fronteira além de Plutão. Fim, cria-se uma Anã Branca à margem de uma espiral (Via Láctea) entre tantas outras zilhões.
A pergunta é: o ser humano conseguirá atingir um estágio de cooperação tal q supere o obstáculo a qual o endereço da Terra está fadado, tirando-o do raio de ação (adaptando-se ao cataclisma) ou se exterminará antes mesmo disso?
PS: sapere aude!
o caio pelo visto gosta muito de dirigir seu carro.
a meu ver deveria haver uma mudança cultural mais profunda - se locomover mais a pé, de bicicleta ou de transporte público não deveria ser uma indignidade à qual só se sucumbe em último caso.
as pessoas se dizem preocupadas com o aquecimento global, até talvez acreditem que a culpa seja da humanidade (mas não minha, é claro). mas mudar o menor detalhe que seja no estilo de vida, isso não!
assim não nos salvamos...
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