22 agosto, 2006

Convívio harmonioso

Seria importante incentivar cientistas a se aproximarem das pessoas leigas interessadas em ciência? Quais seriam os benefícios para ambas as partes?

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6 comentários:

Maria Guimarães disse...

acho que há aí algo de cultura, que acredito estar mudando.
a tradição entre pesquisadores é que aqueles que atendem à mídia são os que "gostam de aparecer", e com certeza falam bobagem.
já ouvi muito de jornalistas de ciência que é mais fácil obter um retorno de pesquisadores estrangeiros (sobretudo norte-americanos) do que brasileiros.
mas acho que isso está mudando. nos estados unidos os cientistas já sabem que têm obrigações para com a sociedade, e por isso faz parte de seu trabalho atender a jornalistas. aqui, já vejo alguns cientistas com essa cabeça. poucos ainda, mas ouso crer que em crescimento.
agora, para falar diretamente com o público como o amabis ou o gleiser, isso requer um talento que nem todo mundo tem. quando fui aluna do amabis, na faculdade, assistia às aulas tentando enxergar o segredo de ser tão bom professor. aprendi muito, mas não chego perto de conseguir me comunicar como ele o faz!

Anônimo disse...

Olá

Em Portugal, os jornalistas também se queixam que é mais fácil falar com cientistas estrangeiros do com portugueses. A situação está a mudar desde há, talvez, uns dois ou três anos. Os motivos têm a ver com a alteração de mentalidade das próprias universidades e institutos de investigação, que começam a perceber que têm um papel fundamental na sociedade e que por isso têm obrigação de a esclarecer sobre as suas actividades. Os gabinetes de comunicação começam a surgir.

As universidades mais recentes são as que facilitam mais... também são essas que promovem mais actividades com envolvimento do público, como a realização de dias abertos para visitantes (público em geral ou escolas), recebem nos seus laboratórios estagiários do ensino secundário nos meses de Verão, etc.

Em muitos dos "press release" das universidades dos países anglófonos é comum estarem disponíveis os contactos directos para os cientistas responsáveis pelas investigações divulgadas, porque é uma obrigação dos cientistas para com os seus institutos de investigação e para com a sociedade que financia o seu trabalho. Prestar declarações aos media faz parte integrante do seu trabalho. É claro que os gabinetes de comunicação preparam os cientistas para este tipo de funções. Comunicar com o público é uma tarefa que não é fácil para a maioria dos investigadores e estes têm que ser preparados.

Em Portugal, os jornalistas queixam-se de que há poucos gabinetes de comunicação de instituições científicas que realmente colaborem com eficiência. Mas as coisas estão a mudar.

Anselmo Augusto de Castro disse...

Devo concordar com as opiniões expressadas por nossas duas amigas acima. Realmente algo está mudando nesta relação cientista- público, mas parece-me que ainda é muito pontual. Aqui e acolá ações surgem timidamente. Torcemos para que iniciativas como as citadas por Rita aumentem no Brasil. Se não me engano, a Unicamp tem algo parecido com relação à abertura de laboratórios nas férias.
Para continuar com a discussão,
seria oportuno inserir nas grades curriculares de cursos científicos
disciplinas relacionadas com a comunicação ou mesmo divulgação?

João Carlos disse...

Acredito que a Rita apontou um dos caminhos mais "promissores": a criação de equipes de interface entre os pesquisadores e o público. Equipes necessariamente multidisciplinares: especialistas em comunicação, "marketing" e - óbvio - cientistas.

O exemplo para mim mais evidente é o Boletim Physics News Update do American Institute of Physics que apresenta as notícias do mundo da física de maneira criativa, bem humorada e em uma linguagem acessível à maioria.

Outro exemplo digno de nota é a Seara da Ciência da Universidade Federal do Ceará.

Será possível que à SBPC nunca tenha ocorrido a idéia? Afinal, o Jornal da Ciência é muito mais dirigido ao público acadêmico do que ao "povão". Uma iniciativa no sentido de popularizar a ciência seria muito mais útil ao "progresso da ciência" do que a maioria dos enfadonhos debates acadêmicos e artigos politicamente tendenciosos que aparecem lá. Não vejo mérito algum em "ensinar a quem já sabe"...

João Carlos disse...

E - de tanto ser prolixo - acabei por me esquecer da questão básica apresentada pelo Anselmo: «Seria importante incentivar cientistas a se aproximarem das pessoas leigas interessadas em ciência? Quais seriam os benefícios para ambas as partes?»

Aos cientistas seria importante ver o quanto o trabalho deles é totalmente ignorado pelo público leigo. Se todos os cientistas tivessem a noção do fosso que separa os pesquisadores do "zé povinho", certamente levantariam uma grita enorme pela melhoria do ensino dos níveis fundamentais, em vez de se preocuparem tanto com a questão das universidades.

Para o público leigo, uma aproximação - obrigatoriamente feita em linguagem simples - seria bem mais proveitosa do que 99% do que se ensina nas "fábicas de preparo para o vestibular", também conhecidas como "escolas".

Daniel Doro Ferrante disse...

Fala pessoal,

Só pra dar uma diquinha nessa direção que essa discussão acabou por se enveredar: SciDev.Net.

Não sei se vcs já conhecem esse site... senão, vale a pena.

Aliás, eu estou INTENSAMENTE interessado nesse tipo de "estrutura social" já há tempos... desde que comecei a blogar, em 25Apr03, esse tipo de estrutura social começou a me "pinicar"... aliás, com a experiência da Revista Ciências Moleculares e do Wikoleculares, essa questão só tem ficado cada vez mais forte na minha cabeça...

Por essas e por outras, sugiro que esse tema entre pra nossa "lista de temas", pra ser votado e, quem sabe, a gente não pode falar um pouco mais sobre esse tipo de estrutura social. :-)

[]'s!