29 agosto, 2006

Roda de ciência: Ciência X Divulgação científica

O tal “X” da questão me incomodou desde o princípio: por que colocar a ciência em posição adversária à sua divulgação? Um erro essencial que, além de ocorrer, mostra a disputa entre categorias...

Dê um pulo lá no Pitáculos em Ciências, para ler mais sobre o assunto.

[]s,
Silvia

2 comentários:

João Carlos disse...

Sílvia, simplesmente brilhante sua colocação: «...por que colocar a ciência em posição adversária à sua divulgação? Um erro essencial que, além de ocorrer, mostra a disputa entre categorias.»

O fato é que não existem (ou não deveriam existir) essas categorias. Foi-se o tempo em que a "ciência" era matéria sigilosa, reservada aos "iniciados". Ciência é, essencialmente, observação controlada de fenômenos, análise dos resultados obtidos e formulação de hipóteses testáveis sobre os fenômenos. Dito assim, parece trivial. Mas quando nos confrontamos com uma estrutura de DNA, ou com uma dualidade onda-partícula, o "público" pode até olhar "maravilhado", mas isso é tão dissociado das noções do dia-a-dia que as pessoas de menor instrução (entre as quais me incluo) chegam a não perceber que isso também é parte de seu dia-a-dia. O computador é um fato palpável, constatável por qualquer um. O hardware e o software, não. A parte em que toda a Internet e os gráficos computadorizados em 3D se resumem em polarizações eletromagnéticas, interpretadas como bits 0 ou 1, foge à compreensão de todos, mercê da própria simplicidade.

Quando as "pessoas comuns" conseguem perceber que a ciência nada tem de misterioso (apenas de maravilhoso), a atração é imediata. E o cientista passa a ser admirado - não pelas coisas abstrusas que diz e faz - mas por sua capacidade de extrair da natureza os "mistérios".

E - digo por experiência própria - quando um leigo pega em um texto científico (dou como exemplo a matéria do Daniel "Topologia e quebra espontânea de simetria") e percebe que entendeu o que nela é dito (por mais intimidante que seja o título...), a sensação de que sempre é possível - mesmo não sendo cientista - partilhar do mundo dos cientistas e pesquisadores, encoraja qualquer um a tentar alcançar alturas maiores do que as que julgava serem "seus limites próprios" e - se não a si próprio, a seus descendentes - buscar horizontes maiores do que o cotidiano.

E ainda mais: a buscar disseminar esse sentimento entre seus pares.

Silvia Cléa disse...

OI, João Carlos!

Desculpe-me a demora (estou com problemas qto às respostas, vamos ver se resolvo agora...).
Acho incrivelmente impressionante a facilidade com que você - dizendo-se leigo - capta todas as nuances e artimanhas utilizadas pelos cientistas para, de uma certa forma, manter a tal distância...
Desvenda seus truques, desnuda seus propósitos e segue adiante: divulga a simplicidade de seu labor para atrair o interesse de todos, não para que atirem-lhe pedras. Só tenho palmas a lhe aclamar!!! ;)