Bom, parece que não conseguirei comentar mais nada sobre a questão da escrita simples na divulgação científica, especialmente depois que o João Alexandrino, com seu poema iconoclasta, fez a pergunta fatal: simples para quem?
Assim, acho que talvez pudessemos pensar a questão em termos de um emissor (o jornalista ou cientista) que tenta enviar uma mensagem para um receptor (vários grupos a serem definidos, por exemplo, leitor de jornal, estudante do ensino médio, espectador do Fantástico etc.). Assim, a nossa questão seria: como diminuir o nível de "ruído" ao longo da transmissão da mensagem, ruído produzido pelo uso de termos e conceitos que não fazem parte da bagagem cultural do público alvo? Você concorda com esta redefinição do problema, Maria?
Bom, há algum tempo atrás, informado por um editor da Ediouro de que o verdadeiro filão do mercado editoral brasileiro é o setor de paradidáticos (por exemplo, as edições em geral têm entre 100.000 e 500.000 exemplares, na maior parte comprados pelo governo), e cabisbaixo por meu eterno cheque especial negativo, pensei se teria capacidade de escrever um livro desses. Ok, minto, na verdade foi puro idealismo, eu achei que seria um importante trabalho de divulgação científica e extensão universitária etc.
Pois bem, não consegui terminar o livro, mas tentei realmente escrever sobre Fractais de modo que pudesse ser lido e apreciado por estudantes do ensino fundamental (note, fundamental, nao médio! Você já tentou explicar o que são logarítmos para crianças de 12 anos?). Os dois capítulos iniciais de minha tentativa você pode encontrar aqui no Ceticismo Aberto de Kentaro Mori, que me pediu permissão para hospedar o texto, não sei se isso vai comprometer a venda do livro (isso detona com o Copyright?) quando eu acabar de escrevê-lo daqui a cinco(?) anos, vender para a Ediouro e ficar zilionário...
Alguns Post Scripts a mais aqui no SEMCIÊNCIA.
6 comentários:
Recomendo fortemente a leitura disso aqui antes de saires publicando qualquer coisa por aí (alguém com instrução finalmente teve coragem de ser honesto em público nesse país).
Por que não tentas isso aqui?
Kyno, do edital da SBF: "A Comissão Editorial analisará cada livro, na medida em que forem chegando, com texto completo. Será convidado um parecerista, da comunidade, que dará a opinião sobre o texto, sendo posteriormente referendado pela Comissão. O texto aprovado passará por um revisor."
O problema é que nao tenho o texto completo. E acho que as "Imposturas Intelectuais" do Tausk vão lhe causar uma boa dor de cabeça filosofica...
As "Imposturas Intelectuais" do Tausk além de serem "pura" diversão são bem apropriadas para serem lidas por quem acha que pode sair escrevendo por aí qualquer coisa de qualquer jeito como divulgação científica...
osame, achei boa a sua definição do problema. porque o erro comum é cair na simplificação exagerada e versar apenas sobre uma fração, a parte "compreensível", do tema. muitas vezes basta evitar jargão para que a complexidade fique atingível.
A identificação clara desse ruído a ser diminuído é o filtro que talvez falte à maioria que se aventura em escrever para o público leigo sobre ciência.
Excelente a sua iniciativa dos fractais para crianças, Osame! Vc já leu "Alice no país quântico"? (Ou algo a sim em português.) Pode ser uma boa inspiração... :)
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