08 setembro, 2006

Internet e Academia: the good, the bad & the ugly

Apesar de ter sugerido este tema, temo que identificar os aspectos bons (“good”), ruins (“bad”) e horríveis (“ugly”) da relação internet e academia seja uma tarefa subjetiva e muito influenciada pela experiência individual. Além destes, existem ainda os aspectos “polêmicos”, que dificultam a atribuição de adjetivos. Enfim, estou curiosa para descobrir quais questões seriam consenso nesta ciranda de setembro do Roda de Ciência e se há controvérsias, e quais os argumentos? Esclarecimentos prévios (talvez desnecessários?): ACADEMIA aqui se refere ao ambiente acadêmico ou universitário, onde predominam as atividades de ensino e pesquisa, voltado para a formação de recursos humanos, no sentido mais amplo que o termo “formação” compreende. E INTERNET se refere ao conjunto de ambientes e ferramentas virtuais em ampla expansão e diversificação que tem revolucionado a comunicação e o acesso à informação, no sentido mais amplo que o termo “revolucionar” compreende.

Leia mais aqui.

15 comentários:

Anônimo disse...

Orkut, msn e similares podem ser facilmente bloqueados em computadores, principalmente os de uso coletivo (bibliotecas e laboratórios). Já dos indivíduos que usam computador individual presume-se que tenham também responsabilidade e usem msn, icq, etc., para comunicações de cunho acadêmico (eu faço isso!). Enrolões existem aos montes em todos os lugares com ou sem Internet (e nunca vi ninguém perdido em uma biblioteca por excesso de informação, todo mundo sabe bem o que quer e quando quer).
O terrível mesmo da Internet no meio acadêmico é exatamente o mau uso de páginas de disciplinas onde solucionários são obtidos e copiados nas (mesmíssimas) listas de exercícios de sempre, já presenciei até mesmo a compra da resolução de uma questão do livro "Classical Eletrodynamics" (Jackson) em uma página de venda de resoluções, e pasmem, o professor da disciplina passou a questão sem resolvê-la e depois foi constatado que o mesmo não sabia resolvê-la (e isso em uma pós-graduação nível 7 da Capes na UFPE). É preciso dizer mais alguma coisa? Na academia o verdadeiro problema não está no uso da interne em si, e sim na generalizada falta de vergonha na cara que voga (inclusive na academia) em nosso país (Brasil). Acho que depois da matemática a Internet é simplesmente a maior descoberta (invenção) do ser humano (e ambas podem ser utilizadas para o mal).
Em se tratando de outros níveis (que não pesquisa e ensino de graduação e pós-graduação) o uso da Internet é extremamente prejudicial (copiar/colar), pelo óbvio e simples fato que inibe ainda mais o raciocínio das crianças e adolescentes além de distraí-las ainda mais. Só que essa porcaria é a moda do momento, como se o ato de simplesmente colocar um computador na frente de um jovem resolvesse o problema da educação (ensino e aprendizagem) do nosso país, se não o mundial, ledo engano! Mas esse é mais um problema de falta de vergonha na cara!

Anônimo disse...

Orkut..

Só essa palavra já rende muitos problemas dentro do ambiente acadêmico.

Bloqueio a essa ferramenta foi recentemente alvo de reclamações no laboratório da universidade onde estudo.

Assim como Orkut, também foi necessário bloquear uma lista de outros sites relacionados a cobertura de eventos.

Ótimo texto, e já enviado à coordenadora do meu curso. ;)

via gene disse...

Obrigada pelos comentários e opiniões!

Krishnamurti - concordo que há um certo oportunismo em procurar soluções prontas na internet e assim "falsificar" o processo de aprendizagem e comprometer a relação professor-aluno. Tanto professor quanto aluno podem padecer deste mal: há o exemplo que vc citou - do professor - e há o caso de alunos que contratam serviços de elaboração de teses e monografias (como comentei mais de uma vez no viagene). Está na natureza humana esta tentação à regra, assim como a capacidade de amadurecer, refletir e rejeitar estas práticas. Discordo da crítica ao computador na escola, pois o acho uma ferramenta poderosa para práticas de ensino (não que seja um "salvador da pátria").

Chico - Pois é... ainda estou tentando entender o "fenômeno" Orkut... não deixei claro no "post" mas eu não sou contra o Orkut (de modo algum, até recentemente mantinha um "perfil" cadastrado por lá e uma lista modesta de amigos). Na verdade admiro a inovação e a criatividade que geram esses fenômenos de internet e é interessante verificar como isso evolui, afinal é uma realidade que não pode ser ignorada, não é? O problema é quando a realidade virtual compromete a "vida real", os compromissos do dia-a-dia, o ambiente de trabalho e as relações pessoais e profissionais. Mas causar esse "desconforto" não é necessariamente um "privilégio" do orkut, este é apenas "a bola da vez", esta posição de vilão já foi ocupada pelo tradicional Telefone (quem não se lembra das "famosas" ligações 0900? E bloqueio de chamadas ou interurbanos?), depois foi o acesso a "sites" pornográficos (alguém ainda fala nisso?), chats, e agora esta questão dos comunicadores e "sites" de relacionamentos. O próprio uso de e-mail e o vício de consultá-lo a cada 5 min. pode constituir uma questão delicada no ambiente de trabalho. Até o blogger já foi bloqueado em algumas instituições públicas, que eu saiba.

Novamente: acho que estas questões devem ser discutidas, não sou favorável ao controle do acesso mas entendo sua justificativa e a dificuldade em encontrar soluções alternativas para minimizar problemas de mau-uso (e da própria definição de mau-uso) da liberdade de acesso à internet.

Ah, e obrigada pela divulgação do texto em outras instâncias e o incentivo do elogio!

abraços,
ana claudia

PS - não sei como deletar o primeiro comentário, desculpe...

Caio de Gaia disse...

Acho que só o "dono" do blogue pode apagar definitivamente o comentário.

Quanto ao seu post, não me surpreende que os estudantes façam batota. Eu cheguei a ver um relatório, de uma das cadeiras de laboratório, entregue por um estudante, que era uma cópia quase perfeita de um que eu tinha feito 15 anos atrás! Mas é por isso que são necessárias apresentações orais.

Você fala da internet enquanto ferramenta de trabalho e não veículo de divulgação de ciência. O facto de quase nem ter tocado no segundo aspecto é de certa forma esclarecedor. A impressão com que eu fico é que pensa que a internet na faculdade serve sobretudo para cabular, discutir nos orkuts e coisas afins.

Quanto a mim a questão vai para além da internet. A divulgação da ciência não é uma preocupação dos meios académicos, e o não aproveitamento da internet reflecte apenas isso. Eu gostaria de ver os membros da roda de ciência a indicarem locais na internet, em Portugal ou no Brasil, dedicados à divulgação da ciência, com origem em meios académicos.

Eu já encontrei em Portugal algo para lá do Bad e do Ugly, um professor universitário que mantém uma página a defender o criacionismo. Quantos manterão páginas a divulgar a teoria da evolução?

via gene disse...

Olá Caio de Gaia!

Obrigada pelo comentário.

Não entendi bem o que VOCÊ PENSA que EU PENSO da internet na faculdade, segundo vc comenta:

"A impressão com que eu fico é que pensa que a internet na faculdade serve sobretudo para cabular, discutir nos orkuts e coisas afins."

NÃO é isso que eu penso, e devo ter me expressado muuuuito mal se ficou esta impressão. Neste "post" não pretendi apresentar o tema "divulgação científica e internet na academia" (excelente escolha de tema, por sinal), mas apresentar um panorama - mais ou menos - amplo de como enxergo a internet no meu dia-a-dia (essencialmente acadêmico), qualificando diferentes aspectos do uso da internet (não endendi porque lhe incomodou o fato de exaltar/reconhecer sua importância ímpar como FERRAMENTA de trabalho, isso não é também válido? Uma vez que meu vínculo com a academia é exatamente profissional?).

Blogs de divulgação de ciência (como os que aqui participam) são pequenos caprichos quase subversivos aos olhos da academia (aqui no Brasil, pelo menos é a impressão que tenho), uma pouco mais reconhecida pela academia é a atividade de divulgação científica mais "tradicional", vinculada na internet através alguns poucos "sites" específicos e "sites" de revistas de divulgação (ciência hoje, por exemplo). Mas sobre isso já comentei alguma coisa no "post" do mês passado.

Na página sugerida abaixo (do pessoal do labjor, se não me engano) estão compilados vários "Links" para "sites" voltados de divulgação de ciências para consulta, se lhe apetece:
http://www.comciencia.br/links/midia.htm

Quando se quer divulgar ciência, toda iniciativa é válida, até Orkut pode prover um excelente portal para integração de conteúdos e interação de "usuários", mas o que eu me deparo diariamente na universidade não indica, de forma alguma, que o interesse seja esse, infelizmente... desconfio que a popularidade da minha "página de orkut" (conteúdo científico = ZERO) sempre superou, em muito, a popularidade do via gene... (mas a esperança é a última que morre!) e as críticas que faço me incluem, não pense que não :). Não recrimino o "navegar à toa na internet", até acho saudável para um certo "bem-estar" e facilitador de encontrar conteúdos ou matéria-prima para novas idéias (como fazer um blog, por exemplo) que podem ou não, ter algum "valor" acadêmico.

Enfim, não pretendo te convencer de que penso um pouco diferente do que vc pensa que penso (apesar do looongo comentário), pois uma vez pronunciadas as palavras, elas estão livres para a interpretação de quem as ouve, não é?

Abraços,
ana claudia

Caio de Gaia disse...

Não tenho nada contra o uso da internet como ferramenta. Eu uso-a constantemente. Achei apenas curioso que no Good ela surja sobretudo como ferramenta de trabalho.

Anônimo disse...

Na academia tem que ser encarada como ferramenta de trabalho mesmo, se não for assim, seria a mesma coisa que colocar uma TV ou video game eu um laboratorio de pesquisa.

Maria Guimarães disse...

dou meu rápido alô aqui, estou de férias e não sei se vou conseguir contribuir de fato este mês.
ana, adorei o texto panorâmico.
é de fato assustador o uso em massa do orkut (eu mesma só visito esporadicamente, em momentos de lazer - nunca em computadores comunitários) e o mau uso para plágio.
é pena que as pessoas não adotem uma ética internáutica. dá para compreender as medidas repressivas em universidades e afins, mas acredito que elas sejam pouco eficazes. mesmo que se bloqueie o orkut, quem quiser usar o computador para "perder tempo" encontrará um jeito.
o bloqueio de blogues, por exemplo (que já sofri), demonstra certa tacanhice desinformada. faz parte de nossa função aqui mostrar que estes podem ser fóruns instrutivos.

via gene disse...

Olá Maria,

seja bem-vinda à ciranda e obrigada pelo incentivo! O Caio de Gaia disse (comentando outro "post") que eu lhe dei um "puxão de orelhas"... mas não foi assim - tão - intencionalmente :), registre-se :)

Acho que a discussão é estimulada tanto quando o texto gera alguma identidade quanto quando há divergência ou críticas a pontos específicos. Assim ambos os estímulos "rendem" oportunidades para ampliar e amadurecer idéias sobre o tema.

Como vc disse, há bloqueios e uma certa patrulha sobre o uso da internet, mas na minha experiência ter um pouco de liberdade e um pouco de diálogo pode gerar um ambiente de trabalho mais saudável sem precisar apelar para atitudes "anti-democráticas" de censura (supondo que um laboratório de pesquisa possa ser visto como uma democracia :):):)). Mas isto funciona melhor numa configuração básica pequena, quando se extrapola para a "larga-escala" (universidade, iinstituição, empresa), esta alternativa pode ser quase "ingênua".
abraços,
ana claudia

luisbr disse...

O efeito copiar/colar pode ser facilmente detectado. Eh simples, eh soh o professor procurar algumas frases do trabalho dos alunos, na internet. O google eh uma feramente otima para isso.
O combate aos fraudadores eh sempre uma corrida. Eh preciso sempre correr cada vez mais rapido para se ficar no mesmo lugar. :-)

Quanto ao Orkut... sou um dos primeiros usuarios do sistema e cheguei a ser convidado pelos organizadores do site para opinar sobre a qualidade do servico. O que foi dito na reuniao eh segredo (eles nao revelaram nada sobre o sistema, apenas perguntaram). Mas posso adiantar que desde aquela epoca pouco foi feito. Temo que o Google tem alguma restricao sobre melhorias no sistema. Enfim , o orkut nao parece ser uma prioridade deles.

Quanto ao mau uso... isso sempre vai ocorrer. E o Orkut eh terreno fertil para isso. :-(
Infelizmente os brasileiros sao mestres em maquinar maneiras de destruir boas iniciativas.

via gene disse...

Olá Luis!

Que interessante saber que vc é um dos pioneiros no uso deste sistema! Vc tem idéia do que levou o Orkut a ser este "fenômeno" de popularidade? Parece algo como a possibilidade de ter um "RG" na internet, só que muito mais "aberto" (em termos da exposição do indivíduo) e utilizando-se da questão da "amizade" e do potencial para expandir relacionamentos "em geral". Há algum tempo houve a divulgação de uma nota da Folha de SP sobre o Orkuticídio, uma prática que estava se tornando comum à medida que o "usuário" se incomodava com o grau de exposição que havia "atingido" e removia seu perfil do sistema com a intenção de "ressuscitar" com um perfil "reformatado", ou algo assim :). Mas a questão que abordo é a interferência que alguns "portais" da internet podem causar no desenvolvimento acadêmico, e não uma crítica generalizada sobre o uso destes. Como vc disse, sempre é possível "desvirtuar" o uso de qualquer ferramenta.

Obrigada pelo comentário! Abraços,

ana claudia

luisbr disse...

Acompanhei as movimentacoes iniciais do Orkut.
Gosto de ver o que o Google vai inventar e sempre acompanho os lancamentos. Quando tenho mais tempo chego a perseguir todos os boatos que surgem sobre novas ferramentas que o Google vai lancar.
No caso especifico de "social networks" tinha surgido na epoca (em que o Orkut nao existia) que o Google tentou comprar o Friendster ( http://www.friendster.com/ ), mas nao conseguiu pq os detentores da ideia recusaram a oferta.
O Friendster tem como um dos objetivos forcener dados para o Eurekster ( http://www.eurekster.com/ ) que eh do mesmo grupo. Assim surge uma maquina de procura com caracteristicas de social network.
Um tempo apos o boato surgiu o Orkut, que estava com convites MUITO restritos, foram convidados apenas amigos dos organizadores do Google. Quando fiquei sabendo do lancamento, no mesmo dia comecei a procurar enfurecidamente a possibilidade de ser convidado, mas soh consegui um tempo depois, nao lembro quanto tempo demorei. Mas enviei mensagens para muitos foruns aqui no Brasil e consegui o convite.
Comecei a divulgar o Orkut e convidar mais pessoas. Lembro que no inicio era trabalhoso para explicar como funcionava o sistema. Mas cada um que entrava, virava um divulgador do site. :-)
O Orkut ficou especialmente famoso em Porto Alegre, onde eu morava na epoca, competiamos com uma cidade nos EUA para ver quem tinha o maior numero de membros... na epoca nao passavam a casa dos milhares.
Em Porto Alegre aconteceram varios Orkontros, fui em alguns, mas parei de ir por falta de tempo. E depois de alguns meses ficou meio sem sentido, pq MUITA gente estava no Orkut e nao era algo apenas de uma tribo especifica, era quase todo mundo. :-)
Mas parece que as coisas mudaram no Google. Nao estao investindo mais tanto em ferramentas sociais. O Yahoo sim partiu pesado para essa estrategia, com a compra do Delicious e implementacao forte do YahooAnswers.
O convite da equipe do Orkut para eu participar da pesquisa deve ter acontecido pq usaram Porto Alegre como cidade na amostra, jah que foi uma das pioneiras no Brasil... como eu era um dos iniciantes e estava em varias comunidades sobre o que o Orkut (sistema) deveria fazer para melhorar.
Desconfio que puseram um peh no freio no desenvolvimento do Orkut por causa dos constantes problemas de mau uso do site.
Nos EUA o Google chegou a comprar uma empresa que estava desenvolvendo um sistema de uma social network para celulares ( http://www.dodgeball.com/ ). Desde a compra o uso e divulgacao do servico ficou quase parado.
Desconfio que surgiu o receio de mau uso de tal potencial. O Dodgeball permite uma interacao muito forte entre as pessoas, com o uso de uma rede de SMS.
Aposto que aqui no Brasil usariam tal ferramenta para combinar massivamente brigas de torcidas organizadas. Imagine um Orkut+SMS. Fica facil reunir pessoas com um mesmo objetivo em um mesmo local em poucos minutos.
Ainda acho que dessa ferramenta sai algum potencial. Mas algo mais pensado e amadurecido.
hehehe... essas historias rendem um livro.
Tem mais... mas fica pra proxima. ;-)

Em tempo... como faco pra participar do grupo de vcs... de blogs de ciencia?
Talvez entre com o Gluon Blog.

via gene disse...

Olá Luís!

Obrigada pelo histórico e ficamos aguardando o seu "livro" :) Tinha mesmo a impressão que Porto Alegre era especialmente ativa em relação à internet (o que vc me comprovou com a "história" do orkut no Brasil), logo que começou a haver chats, tinha um site gaúcho que era um dos mais movimentados, não? (o nome me escapou, mas acho que acabou derivando no portal Terra, ou estou bem longe da realidade?). Por que será isso?

Abaixo está um trecho do primeiro "post" do Roda de Ciência" com o email da Maria Guimarães, entre em contato com ela para cadastrar o Gluon no Roda, e seja bem-vindo:

"Quem quiser se cadastrar e fazer parte deste blogue comunitário, pode me mandar uma mensagem para mariamsguimaraes@yahoo.com.br. Os cadastrados são sobretudo blogueiros, afinal são as pessoas que descobriram esta forma de trocar idéias e gostaram dela"

O post completo está no seguinte endereço:

http://rodadeciencia.blogspot.com/2006/08/vamos-papear.html

abraços,

ana claudia

luisbr disse...

Acho que vc estah falando do ZAZ. Era um provedor de internet que logo foi comprado pela RBS (rede de TV - Globo) e depois foi vendido para a Telefonica.
Nao sei exatamente pq a internet eh (era) forte em POA. Talvez pq tem muitos geeks. :-)

via gene disse...

Isso mesmo: o ZAZ, saiu do "fundo do baú"... :) obrigada por reavivar minha memória!
abraços,

ana claudia