Muito interessante o Evolution and Human Behavior, não conhecia esta revista. Clique aqui para acessar uma página de introdução onde, entre bibliografia diversa, aparece também um belo quadro com as principais idéias sobre evolução da cooperação.
Achei melhor colocar esta referência aqui como complemento para nossas discussões. Imagino que as pessoas que estão defendendo que é possível extrair uma ética a partir do conhecimento científico estejam se referindo principalmente aos estudos sobre evolução da cooperação e psicologia evolucionária da cooperação.
Eu ainda desconfio que tais estudos são descritivos, não prescritivos. Mas fica a dúvida: dado que eu posso usar esse conhecimento para criticar a viabilidade de disseminação de regras éticas, a sua compatibilidade com (possíveis) tendências inatas humanas etc, será que isso é uma ciência da ética? Ou é apenas o equivalente trivial de dizer que se um dia uma ética prescrever que todo ser humano deveria levitar, a ciência poderia retrucar que isso não é possível (no presente momento, mas talvez um dia com levitadores magnéticos talvez).
Por outro lado, eis um genuíno problema ético: suponhamos que um dia tenhamos, graças aos avanços da psicologia evolucionária e da engenharia genética, a capacidade de manipular o genoma humano de tal modo a produzir pessoas mais altruístas (acho que isso seria relativamente fácil aumentando a densidade de células do tálamo produtoras de oxitocina). Ou seja, a realização por engenharia genética do "faça amor, não faça guerra!". E com isso acabassemos com grande parte da violência no mundo. Eticamente, deveriamos fazê-lo?