24 março, 2008

Evolução da ética?

Muito interessante o Evolution and Human Behavior, não conhecia esta revista. Clique aqui para acessar uma página de introdução onde, entre bibliografia diversa, aparece também um belo quadro com as principais idéias sobre evolução da cooperação.
Achei melhor colocar esta referência aqui como complemento para nossas discussões. Imagino que as pessoas que estão defendendo que é possível extrair uma ética a partir do conhecimento científico estejam se referindo principalmente aos estudos sobre evolução da cooperação e psicologia evolucionária da cooperação.

Eu ainda desconfio que tais estudos são descritivos, não prescritivos. Mas fica a dúvida: dado que eu posso usar esse conhecimento para criticar a viabilidade de disseminação de regras éticas, a sua compatibilidade com (possíveis) tendências inatas humanas etc, será que isso é uma ciência da ética? Ou é apenas o equivalente trivial de dizer que se um dia uma ética prescrever que todo ser humano deveria levitar, a ciência poderia retrucar que isso não é possível (no presente momento, mas talvez um dia com levitadores magnéticos talvez).

Por outro lado, eis um genuíno problema ético: suponhamos que um dia tenhamos, graças aos avanços da psicologia evolucionária e da engenharia genética, a capacidade de manipular o genoma humano de tal modo a produzir pessoas mais altruístas (acho que isso seria relativamente fácil aumentando a densidade de células do tálamo produtoras de oxitocina). Ou seja, a realização por engenharia genética do "faça amor, não faça guerra!". E com isso acabassemos com grande parte da violência no mundo. Eticamente, deveriamos fazê-lo?

20 março, 2008

O Papel do Cientista nas Decisões Éticas

Por mais que se queira dissociar o tema deste mês do confronto "ciência vs. religião", não há como fugir a isto, uma vez que o próprio tema surgiu da atualidade da decisão que o Supremo Tribunal Federal vai ter que tomar (em minha opinião, já devia ter tomado...) sobre uma questão de suposta "ética", que, na verdade, é apenas sobre um dogma religioso.

Sendo assim, não me resta outro remédio senão analisar, desde a origem, a convivência entre "ciência e religião", uma vez que sou suspeito por ambos os "lados" desse confronto.

Eu afirmei, em comentário ao artigo do Osame, que as religiões tiveram como base a "ciência" (na sua acepção de "conhecimento adquirido"), só que as religiões não foram capazes de se adaptar ao progresso da ciência e se tornaram, mesmo, um entrave ao progresso da humanidade, quando deveriam ser, ao contrário, um esteio ético para este desenvolvimento.

Voltemos à pré-história e analisemos a "ciência" de então, para podermos avaliar de onde surgiu toda essa idéia de "religião" e qual papel ela deveria ter, bem como sua ligação com os conceitos de "moral" e "ética". (leia mais aqui)

18 março, 2008

Ética da Ciência e Ciência da Ética

Parafraseando Pareto, conceber uma Ética (ou uma religião) baseada na Ciência é gerar um monstro, no sentido de uma "criatura bizarra", uma quimera que une partes de animais diferentes.
Rubem Alves (alguém que normalmente não cito) diria que "a ciência pode ensinar como cultivar um jardim, mas não pode despertar o desejo de transformar um deserto em um jardim"... Basicamente ele relaciona o campo do desejo com as "religiões" (quer religiosas, quer seculares), ou pelo menos com a espiritualidade. Desejar demais algo é adorar...
Max Weber (ao lado) defende algo semelhante em "Ciência e Política, duas vocações": que o que o cientista pode fazer não é justificar fins mas auxiliar na análise dos meios (os meios são eficazes para tais fins?). Quem define os fins são (ou deveriam ser) as pessoas diretamente afetadas pelos mesmos, e isto é um exemplo de afirmação ética, não científica.
Eu simpatizo com as posições éticas de Peter Singer (ver Vida Ética) embora reconheço que o Utilitarismo (uma das éticas axiomáticas possíveis) possui um defeito grave: não funciona em um mundo (como o nosso) que apresenta fenômenos críticos e caóticos: ou seja, não podemos predizer se a ação que tomamos agora irá maximizar a diminuição do sofrimento no futuro. [Continue a ler aqui.]

11 março, 2008

Decisões éticas

Qual o papel do cientista nas decisões éticas?

As discussões sobre a lei de biossegurança incluíram debates sobre quando começa a vida. A visão científica se confronta à religiosa e à política. O público assiste, duvida, debate, acredita, opina.

Aborto, clonagem, transgênicos... são diversas as decisões éticas em que cientistas são chamados a opinar. Fica a dúvida: a ciência tem mesmo um papel aí, ou é mais um instrumetno de manipulação da opinião pública?


Tirei a imagem daqui.

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