09 julho, 2007

Minha professora de ciências

Crianças da comunidade ribeirinha do lago do Puruzinho na Amazônia (foto de Mauro Rebelo)

Começo minha participação na roda com uma opinião que eu mesmo considero polêmica, mas minhas experiências recentes com educação me fazem ver a imagem da professora de ciências do colégio com um romantismo muito distante da realidade: livros didáticos ruins, escolas mal equipadas, professores despreparados. Estão formatando o HD de nossas crianças com um conhecimento pasteurizado que não favorece, ao contrário, abafa, a criatividade.
Vejam no VQEB!

7 comentários:

Maria Guimarães disse...

acho que todos temos que aprender com todos. não só na amazônia, mas também em salas de aula culturalmente mais próximas. o bom professor é aquele que aprende ao mesmo tempo em que ensina, eu acho.

concordo - para cumprir o currículo obrigatório, os professores tendem a enfiar a matéria goela abaixo como se os alunos fossem gansos. não é por aí, e são os poucos exemplos que fogem disso que marcam para sempre a vida de seus alunos. sortudo quem teve um professor assim.

ano passado assisti a uma palestra do mariano amabis, que foi meu professor na faculdade e daqueles que consegue acender a chama da curiosidade em seus alunos. não tenho minhas anotações à mão, então não posso citar nomes - mas ele mencionou três prêmios nobel, creio que pelos anos 1960, que tinham uma coisa em comum: uma professora no primário.

o que me pergunto é: é possível mudar em grande escala a maneira de ensinar, de forma a estimular a criatividade e a curiosidade? que as crianças se sintam impelidas, pelo professor e por sua própria vontade, a escrever, a fazer ciência? o que a sua experiência - na amazônia e no rio - te ensinou a esse respeito?

João Carlos disse...

Eu vou fazer coro com a Maria: você não precisa ir à Amazônia ou ao Sertão Nordestino para encontrar Escolas sem um mínimo de infraestrutura.

O ponto crucial da questão não é tanto a infraestrutura, nem a qualidade dos professores (que, por sinal, é, na média, péssima).

Eu já chego mais fundo: o "conteúdo programático" (eu odeio essa expressão, desde que 7um professor de português a usou para reclamar que meu filho tinha deixado de fazer um dever de casa "essencial para o conteúdo programático: uma cópia das flexões dos tempos verbais regulares que, de resto, estava no livro de Português...)

Se eu falar mais, acabo esgotando o artigo que eu pretendo escrever para o "Roda"...

Mauro Rebelo disse...

Pessoal, a impressão que dá é que teríamos de mudar tudo! Mas vamos lá, acho que o João Carlos tocou em um ponto fundamental quando relatou o causo do seu filho. Ele reflete o quanto os professores adoram o PODER! Se o 'conteúdo programático' é estabelecido pelo professor, ele detém o 'poder'. Ele controla o que deve ser ensinado e como deve ser ensinado (e aprendido). Acho que a primeira coisa para estimular a criatividade dos alunos, é abrir mão desse 'Poder'. Outra coisa é o trabalho. É mais fácil dar a mesma aula todos os semestres do que preparar uma aula mais 'aberta' com maiores possibilidades de interação dos alunos. Os alunos também teriam de trabalhar mais... de certa forma o ensino massificado é conveniente para professores e alunos. É aquela coisa... 10% inspiração e 90% transpiração! Um abraço, Mauro

João Carlos disse...

E eu acabei deixando mal esclarecido o ponto principal: todo o sistema de ensino fundamental/médio, no Brasil, está voltado para a praga do Vestibular.

Desde o início, todas as matérias estão uma decoreba sem fim, onde se dá mais importância às formulas/dados/categorias do que ao raciocínio. Os estudantes não raciocinam mais, lêem - quando muito - um livro por ano (e de qualidade duvidosa) e "fazem pesquisa" na base do "recorta & cola" (quando não é na Internet, é nas revistas, mesmo).

(Daqui a pouco, eu vou esgotar meu assunto...)

Shridhar Jayanthi disse...

Off-topic (odeio fazer isso)... como eu faço para fazer parte desta roda de blog? Não sei qual é a filosofia do blog, mas eu gostaria de poder participar como colunista... Exemplos de escritas minhas podem ser encontrados em Entropicando [http://entropicando.blogspot.com]... Para entrar em contato comigo, basta mandar um e-mail para jshridhar@gmail.com ou deixar um comment no meu blog (ou responder aqui mesmo, eu costumo ler com frequencia ;-).

Anônimo disse...

Recado da Maria

"Esta roda de ciência está aberta a quem queira participar. Se você é um visitante esporádico, ajude a nos iluminar com seu conhecimento ou opinião. Se quiser publicar um texto como parte da discussão, basta mandar uma mensagem para mariamsguimaraes arroba yahoo ponto com ponto br"

:o)

Maria Guimarães disse...

juliana, finalmente alguém que lê meus anúncios!!!