Nesse mês de janeiro, o Roda de Ciência decidiu exatamente discutir sobre a rotina dos cientistas. No entanto, ao pensar sobre o tema, esbarrei numa questão simples: qual rotina descrever? Porque afinal eu já rodei em várias áreas e laboratórios diferentes pelo mundo, e não houve uma rotina "única" seguida o tempo todo. É claro, há o geralzão, mas as nuances são pungentes, e talvez elas é que sejam interessantes de serem relatadas quando se trabalha com tantas pessoas e aspectos diferentes.
Então eu resolvi escrever uma pequena série de posts sobre como foi e tem sido minha rotina na ciência nos diversos ramos e lugares por onde passei, o que fiz nos labs da vida. Quero principalmente deixar registradas as memórias que me marcaram em cada uma dessas experiências. Não vai dar pra contar tuuudo, tintim por tintim, mas vou me esforçar para pelo menos incluir eventos que de alguma forma me marcaram. No mais, será apenas um diarinho de cada experiência, sem tentar entrar em muitos detalhes bioquímicos. Espero que seja interessante.
(Publicarei sobre o tema um post por dia durante essa semana no meu blog.)
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Os posts da mini-série Rodando na Ciência você pode ler nos links abaixo:
- Rodando na Ciência: Viçosa
- Rodando na Ciência: Potsdam - Sampa
- Rodando na Ciência: Boston
- Rodando na Ciência: Honolulu
- Rodando na Ciência: Coréia do Sul
21 janeiro, 2008
12 janeiro, 2008
A day in the life
Ainda não tenho um papel que me dá o direito de colocar um ", Ph.D." depois do meu nome mas a rotina de estudante de pós-graduação é algo que, apesar de diferente da de um professor ou pesquisador, contém muitas coisas em comum. Então como um contra-ponto ao post do Osame acenando lá do meio da escada fica aqui a rotina de alguém que ainda está ensaiando subir os primeiros degraus.
08 janeiro, 2008
Dia a dia de quem?
O tema da Roda de Ciência deste mês é sobre o "dia a dia do cientista". Embora no final do mês eu vá prestar um concurso aqui na USP, acho que tenho algum tempo para refletir sobre esse tal dia a dia no qual já vivo (meu Deus, tô ficando velho!) há mais de 20 anos.
OK, na verdade não tenho tanto tempo para refletir assim: além de estar estudando e preparando os pontos para o concurso, estou escrevendo um paper com o Mauro Copelli e o Leonardo Lyra Gollo sobre dendritos excitáveis, outro com o Roque, Rosa, Pedro e Adriano sobre modelos de evolução cultural (na verdade, sobre evolução da culinária), e ainda outro com o Pablo Diniz e o Alexandre Martinez sobre redes de citações bibliográficas. Sem falar na orientação de iniciação científica do Zeddy (trabalho para o Prêmio Jovem Cientista) , do Leonardo Soares (estudo de uma métrica de rede para definir sinonímia) e do Rodrigo (modelo de evolução de memes tipo branching process).
Ainda bem que consegui validar no Júpiter-USP, ontem, as notas da turma de Física I e de Estatística Básica. Hummmm.... Não falei sobre o fato de que preciso ir passear com as crianças no parquinho, amanhã, ou então levá-los para Araraquara no final de semana. OK, OK, já deu pra ter uma idéia sobre o meu dia a dia...
Vamos continuar. Mas primeiro, um pouquinho de arrogância: para definir o "dia a dia do cientista", acho melhor definir o que é um cientista. E aqui vai a opinão de pessoas que respeito: "cientista é um artesão que trabalha com idéias e conceitos".
Se forem idéias matemáticas ou lógico-formais, temos matemáticos, lógicos, teóricos da computação. Se forem idéias sobre a natureza e/ou o ser humano, temos os cientistas naturais e/ou humanos (notaram o "e" que inclui o pessoal da sociophysics como eu, por exemplo?).
Se tais artesãos trabalham com as mãos, temos os cientistas experimentais. Se trabalham com simulações computacionais, temos os cientistas computacionais. Se usam apenas lápis, papel e lata do lixo, temos os teóricos (ok, eles usam computadores também!). Se não precisam de latas de lixo, temos os filósofos... Ops, a piada não é minha, e eu não concordo com ela!
Cadê a arrogância da definição de cientista? Bom, acho que você pode chegar para mim e dizer: Olha, eu conheço um monte de cientistas que não são tais artesãos (manuais ou intelectuais). Isso é uma visão idealizada da ciência, etc e tal. Você não viu o último livro de sociologia da ciência do Bruno Latour?
Meu filho, você não entendeu: quem não se encontra dentro da definição, pode ser um técnico científico, um trabalhador científico, um professor de ciências, um administrador científico, um empreendedor científico. No problem. Apenas não é um cientista... (minha amiga Giulia diz que, enquanto professores-pesquisadores mal remunerados, somos um proletariado cognitivo).
OK, então dado que, enquanto pesquisador não ligado à Big Science, sou um artesão e não um operário no sentido marxista do termo, um artesão que tenta ensinar sua arte a seus (até agora poucos) discípulos, talvez valha a pena contar como se inicia uma vocação como essa. Continue a ler aqui.
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